A Instituição da Monarquia em Israel

Rei Saul. (Foto: Reprodução / Record TV)

Texto Áureo

“Então, todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações” (1ªSm 8:4_,5).

Verdade Prática

Antes de tomar uma decisão, o crente precisa buscar a orientação de Deus, para que  não venha a sofrer dolorosas consequências. 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

1ª Sm 8:4_7

“Então, todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá,

e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.

Porém essa palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao SENHOR.

E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te disser, pois não te tem rejeitado a ti; antes, a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele.”

1ª Sm 10:1_7

“Então, tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Porventura, te não tem ungido o SENHOR por capitão sobre a sua herdade?

Partindo-te hoje de mim, acharás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no termo de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão: Acharam-se as jumentas que foste buscar, e eis que já o teu pai deixou o negócio das jumentas e anda aflito por causa de vós, dizendo: Que farei eu por meu filho?

E, quando dali passares mais adiante e chegares ao carvalho de Tabor, ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus a Betel: um levando três cabritos, o outro, três bolos de pão, e o outro, um odre de vinho.

E te perguntarão como estás e te darão dois pães, que tomarás da sua mão.

Então, virás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando ali na cidade, encontrarás um rancho de profetas que descem do alto e trazem diante de si saltérios, e tambores, e flautas, e harpas; e profetizará.

E o Espírito do SENHOR se apode-rará de ti, e profetizarás com eles e te mudarás em outro homem.

E há de ser que, quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão, porque Deus é contigo.”

COMENTÁRIO

Uma leitura geral do capítulo 8 de 1ªSm esclarece alguns porquês que levaram o povo a solicitar a monarquia. Mas vale evidenciar que os críticos acreditam e aludem que tanto esse texto como os capítulos 10 a 12 na verdade tratam de uma narrativa que se segue à implantação da monarquia, e que o que se poderia ter então aqui é uma crítica histórica que se faz a essa instituição.

Podemos dizer que a monarquia terá diversas causas no processo histórico da existência do povo de Deus. Na época dos juízes, o quadro é de total celeuma, anarquia, falta de autoridade (Jz 21:25) e, dentro do próprio sistema dos juízes, já havia em boa parte do povo o desejo por uma liderança centralizada. Isso se comprova porque o povo solicitou que Gideão fosse o líder deles (Jz 8:22,23). 

Alguns biblistas, especialmente aqueles que trabalham com o Antigo Testamento, apontam que havia uma falta de consenso quanto à questão da monarquia, pois alguns dentre os judeus achavam que isso era certo e bom, ter um só líder que pudesse estar à frente do povo de Deus. Através da implantação da monarquia, segundo a visão de alguns, a concentração e a unificação de Israel se dariam de maneira mais fácil, sobretudo com um líder capaz de organizar uma força militar poderosa, uma adoração centralizada, dando proteção a todos. Essa instituição era imprescindível, mas, para outros, não era necessário. Assim pensava Samuel.

Sendo ou não correta a implantação da monarquia, o desejo de um líder com poder centralizado já era grande e o que vai colocar mais lenha na fogueira são algumas causas externas. Uma delas é a velhice de Samuel. Ele, que foi a grande esperança de todos, que conseguiu colocar Israel no eixo da vontade divina, estava se apagando. Muitos temiam surgir uma liderança como fora a de Eli, por isso todos se empenharam em buscar um rei que lhes desse proteção e estabilidade.

Hermeneuticamente não é fácil explicar Dt 17:14_15, posto que, na opinião de muitos estudiosos, o que se percebe pela sua leitura é uma monarquia antecipada da parte de Deus, a qual seria implantada no seu momento certo. Não há dúvidas de que o Senhor desejava a monarquia, mas nela Deus seria o rei que escolhia um humano para estar à frente do seu povo.

No geral, ocorre que o povo, já tendo o desejo de ter um rei, procurava se aproveitar de qualquer circunstância para que esse projeto viesse a ser consolidado. Assim, diante da velhice de Samuel e da vida corrupta que seus filhos levavam, foi formada uma comissão para ter com esse juiz e solicitar a implantação da monarquia.

No que tange à comitiva que foi falar com Samuel, que o texto diz que eram os anciãos de Israel, na verdade tratava-se de líderes de famílias, tribos, ou os principais da cidade que tinham autoridade. Eles formavam um tipo de assembleia geral. Esse tipo de ajuntamento não era algo novo no momento. Estava presente quando Moisés foi enviado para libertar os israelitas do poder de faraó (Êx 3.16). Por causa da casa de Eli, Samuel reviveu na mente deles o procedimento maléfico dos filhos do sacerdote, de maneira que temeram que toda aquela situação antiga viesse à tona outra vez.

Essa comitiva viu Samuel como um bom juiz, mas não acreditava em seus filhos. Entendia-se que agora havia chegado o momento de acabar de vez com o sistema dos juízes, posto que eles eram sempre falhos, vulneráveis, pecaminosos, não inspiravam confiança, e por isso disseram: “Dá-nos um rei”. 

Nada poderia justificar esse pedido feito pela assembleia geral, primeiro porque estava se esquecendo que os juízes que surgiam vinham por meio de uma aprovação divina e, em segundo lugar, ainda que a monarquia fosse implantada, ela seria dirigida por homens pecaminosos também. 

O âmago do pedido está revelado quando os israelitas dizem que querem um rei como tinham todas as demais nações. Nesse particular, estavam colocando-se no nível daqueles pagãos, que não tinham compromisso com Deus, eram independentes. Samuel não aprovou o pedido, posto que eles queriam ser como as nações pecaminosas.

A questão de querer uma monarquia não era pecado, pois se teria muitas vantagens na concentração de um poder unificado em torno da autoridade de um homem, em tempos de constantes guerras. Porém, a grande questão é que o próprio povo que pede um rei era pecaminoso, só se voltava para Deus em momentos de grandes crises, desespero, e foi nesse momento que solicitaram um rei.

O pedido da assembleia não soou bem aos ouvidos de Samuel, que entendia que se estava rejeitando a teocracia em razão da monarquia. Todavia, nesse particular, foi um pouco flexível, pois entendia que havia perigo nos dois lados: no sistema dos juízes, os homens pecavam e a monarquia seria dirigida também por homens; ele então vai buscar uma orientação divina, o que dará oportunidade para a monarquia. O historiador Flávio Josefo diz que esse pedido incomodou Samuel, o qual passou a noite toda em oração. Orar em momentos de grandes decisões e crises é fundamental para o cristão e, como falou Tiago, a oração do justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16).

Deus respondeu a Samuel dizendo que permitiria o estabelecimento da monarquia. É claro, essa concessão da parte divina não é porque Ele entendesse ser o melhor para Israel, posto que muitos reis irão ser pecadores, infligidores de leis, corruptos, porém, frente ao que vinha acontecendo, no caso dos juízes (Jz 17.6; 21.25), esse novo sistema poderia ser uma nova chance de melhora para a nação.

Podemos dizer que o propósito especial da parte de Deus foi antecipado pelo povo, de maneira que o ideal foi sacrificado, mas isso iria acontecer porque faria parte do processo da formação de Israel, para que todos entendessem que um bom governo, sucesso, paz, não se encontram no homem ou na forma do sistema político, mas somente em Deus.

Novo Comentário da Bíblia, falando desse pedido e da implantação da monarquia, expressa:

Mas a perversidade e a fraqueza dos homens levaram à desobediência, ao fracasso. Só em presença do perigo é que o povo dava ouvidos às mensagens do Senhor. Agora, levado por um sentimento de orgulho nacional, vai pedir um rei. A monarquia, no fim de contas, nos destinos da Providência, tinha por objetivo dar ao povo eleito uma ideia do reinado messiânico. Mas, se tivessem seguido fielmente a Deus, tornava-se dispensável a presença dum rei terreno. 

Conforme a citação acima, entendemos então o porquê de Deus permitir a monarquia, para imprimir no povo um ideal messiânico, pois é a partir desse momento que se pode entender que o texto de Deuteronômio seria escatológico, apontando para Jesus Cristo, o rei ideal, o qual sairia da casa de Davi. 

Texto extraído da obra “O Governo Divino em Mãos Humanas”, editada pela CPAD.

INTRODUÇÃO

Ao final do ministério de Samuel, os israelitas rejeitaram os filhos dele como juízes e pediram um governante. O pedido precipitado dos israelitas fez com que Saul se tornasse o primeiro rei de Israel. Ao passar do tempo, Saul mostrou que tinha mais aparência do que conteúdo. Seu reinado trouxe graves consequências espirituais para a nação dos judeus.

Os israelitas pediram o monarca, mas quem escolheu quem seria este monarca foi Deus, que revelou a Samuel que no dia seguinte ele encontraria a pessoa que deveria ungir ao reinado (1ª Sm 9.15-16).

Desde os dias de Moisés, Deus governou Israel através de sacerdotes e juízes dotados com poder e habilidade. Quando Samuel, o último dos juízes, envelheceu, o povo pediu um rei para que eles fossem como as nações que estavam ao seu redor.

Aquele não era o momento apropriado para pedir um rei, mas Deus ordenou a Samuel que atendesse o pedido do povo. A partir de então, Israel deixou de ser uma teocracia, ou seja, uma nação governada por Deus, que era o seu rei (1ªSm 8:7), para ser uma monarquia, ou seja, uma nação governada por um rei humano, como ocorria com todas as nações circunvizinhas (1ªSm 8:5).

Todavia, como profeta e último dos juízes, Samuel alertou o povo que a instituição da monarquia em Israel traria mais malefícios que benefícios para eles. Mesmo assim, o povo quis um rei. Eles pediram um rei porque criam, erroneamente, que a razão das suas derrotas vinha da incompetência do governo em vigor, quando, na realidade, o problema era o pecado deles. Daí, eles conformarem-se com o modo de vida dos povos ímpios ao seu redor, ao invés de confiarem em Deus.

Outrora, Deus levantava juízes em diversas regiões, mas agora Ele levantaria uma monarquia em Israel. Embora a monarquia fosse um desejo nacional, Deus interveio e, segundo a sua vontade, estabeleceu essa forma de governo. Inicialmente, Saul, da tribo de Benjamim, fora escolhido como o primeiro rei de Israel.

Deus, na sua presciência, sabia que um dia o seu povo ficaria descontente com o governo direto de Deus, e ordenou a Moisés que incluísse em sua Lei as diretrizes a serem seguidas pelo rei, quando isso acontecesse (cf. Dt 17:14-17).

“Quando entrares na terra que te dá o SENHOR, teu Deus, e a possuíres, e nela habitares, e disseres: Porei sobre mim um rei, assim como têm todas as nações que estão em redor de mim, porás, certamente, sobre ti como rei aquele que escolher o SENHOR, teu Deus; dentre teus irmãos porás rei sobre ti; não poderás pôr homem estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos.

Porém não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito, para multiplicar cavalos; pois o SENHOR vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho.

Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem prata nem ouro multiplicará muito para si.”

Embora aquele momento, para eles terem um rei, não fosse o momento de Deus, e fosse injusta a sua motivação, Deus os atendeu no que pediram. Apesar de tudo, Deus se propôs a guiar o povo, apesar dos fracassos do governo monárquico de Israel (cf. 1ªSm 12:14_15;19_25). Isso revela o amor de Deus e a Sua paciência com a fraqueza humana.

Antes da instituição da monarquia em Israel

Na história primitiva de Israel, o povo era governado por líderes tribais. No tempo do êxodo do Egito, o governo foi exercido por Moisés e, posteriormente, por Josué. Mas jamais Moisés e Josué assumiram qualquer título de rei sobre o povo.

O que havia em Israel era um modelo de governo teocrático. Moisés, por exemplo, apresentou as Leis de Deus ao povo e liderou e aconselhou os israelitas de forma completamente alinhada à vontade divina. Inclusive, nitidamente Moisés e Josué foram líderes eleitos exclusivamente pela chamada divina.

Depois, finalmente Israel conseguiu se estabelecer na Palestina. Então com a morte de Josué, as tribos israelitas eram regidas principalmente por anciãos locais (Juízes 11:5). Naquele tempo Deus também levantou libertadores para livrar o povo de certas opressões que, em última análise, eram resultantes de seus próprios pecados. Esses homens exerceram liderança local nas tribos de Israel, e por isso foram chamados de juízes.

Ainda no período dos juízes houve pelo menos duas tentativas ocasionais de estabelecer um tipo de rei em Israel. A primeira tentativa ocorreu na família de Gideão. O próprio Gideão foi aclamado para governar como um rei e estabelecer uma dinastia em Israel, mas ele declinou desse pedido. Ele entendia que Deus era quem deveria dominar sobre o povo (Jz 8:22,23).

Seu filho, porém, não teve esse mesmo entendimento. Abimeleque quis se apoderar da liderança de Israel após um massacre contra seus próprios irmãos. Ele conseguiu exercer certa soberania local durante três anos, até que foi abatido pelo Senhor (Jz 9).

O período dos juízes foi chegando ao fim num contexto de verdadeiro caos social (Jz 19-21). O último versículo do livro de Juízes mostra claramente essa condição. O texto bíblico diz que não havia rei sobre Israel e cada um fazia o que queria (Jz 21:25). Obviamente à luz do contexto de todo o livro, o grande problema do povo não era a ausência de um rei humano, mas a falta de lealdade ao seu Rei Divino.

Os dois primeiros monarcas de Israel

Saul foi dado ao povo israelita como seu primeiro rei. Sua aparência e porte de guerreiro atendiam muito bem as aspirações do povo, mas na verdade ele foi exatamente um exemplo de tudo aquilo que um rei não deveria ser. O rei Saul fracassou, e seu reinado foi uma verdadeira decepção. Ele transgrediu as ordenanças divinas e foi rejeitado pelo Senhor (1ª Sm 13-15).

Já tendo rejeitado Saul, Deus ordenou que o profeta Samuel ungisse aquele que seria o segundo rei de Israel, um homem segundo o seu coração. Esse homem era Davi; talvez uma das pessoas mais improváveis a subir ao trono de Israel. Davi não era perfeito, longe disso; mas ele foi um exemplo notável de rei que buscou a vontade do Senhor, reconheceu suas falhas, demonstrou verdadeiro arrependimento por seus erros e governou o povo de Israel com sabedoria e graça do Senhor.

A queda de Saul deu lugar ascensão de Davi. Durante toda a monarquia em Israel, o rei Davi foi o monarca mais importante. O Senhor prometeu a Davi uma dinastia eterna. Seus herdeiros permaneceram diretamente no trono de Judá por mais de 400 anos.

Mas mesmo com a perda da liberdade nacional no tempo do exílio e na posterior submissão ao Império Romano, a promessa de Deus a Davi acerca da preservação de sua dinastia para sempre não caiu por terra. A aliança de Deus com Davi encontra seu cumprimento pleno e final na pessoa de Jesus, o verdadeiro, perfeito e eterno Rei Messiânico do qual Davi e sua casa prefiguraram.

I. POR QUE A MONARQUIA?

O pedido por um rei em Israel

A confusão em Israel se intensificou ainda mais na parte final da liderança do sumo sacerdote Eli. Os filhos de Eli eram homens incrédulos que desprezavam a Lei de Deus e profanavam o culto ao Senhor. O auge do caos ocorreu quando os dois filhos de Eli perderam a Arca da Aliança durante uma batalha contra os filisteus. Naquela ocasião eles foram mortos e o exército israelita, massacrado. Ao receber as más notícias da morte dos filhos, da derrota de Israel e da perda da Arca, o velho sumo sacerdote e juiz também morreu.

Mas foi a partir daí que começou a liderança do jovem profeta Samuel. Além de sacerdote e profeta, Samuel também serviu como juiz de Israel. Ele estabeleceu um circuito que possibilitava que ele julgasse Israel em diferentes centros locais. Samuel também liderou os israelitas na vitória contra os filisteus em Mispa (1ª Sm 7:2-17).

Embora a vitória contra os filisteus tenha sido uma clara demonstração do poder de Deus, mesmo assim os israelitas insistiram em ter um rei (1ª Sm 8). O problema não estava em Israel desejar ter um monarca humano, mas na verdadeira motivação por trás desse desejo. A Bíblia diz que o povo queria ter um rei “como o têm todas as nações” (1ª Sm 8:5).

Eles não estavam preocupados em ter governando sobre eles um homem comprometido com a vontade de Deus, mas sim em ser como todas as outras nações (1ª Sm 8:20). Isso significa que eles estavam tomando como modelo as nações pagãs vizinhas.

Esse comportamento do povo de Israel foi identificado como uma espécie de apostasia, visto que em última análise os israelitas estavam rejeitando o próprio Deus e seu modelo de governo teocrático (1ª Sm 8:7). Além disso, Deus, o Soberano de Israel, não apenas era o grande Rei do povo da aliança, como também seu guerreiro. Mas o povo queria um rei que lutasse suas guerras (1ª Sm 8:20). Assim, eles desprezaram o domínio e a proteção de Deus.

O início da monarquia em Israel

Apesar de a motivação israelita pela monarquia humana fosse errada, pois demonstrava falta de fé no Senhor, estava dentro do propósito de Deus permitir que um dia o povo de Israel tivesse um rei (cf. Gn 17:6_16; 35:11; 49:10; Nm 24:7_19). Inclusive, através de Moisés o povo recebeu instruções que regulamentavam a monarquia que seria instituída após a entrada na Terra Prometida (Dt 17:14-20).

Deus atendeu ao pedido dos israelitas, mas sem que antes advertisse o povo sobre os potenciais abusos da monarquia terrena (1ª Sm 8:10_18). O Senhor também alertou que o rei deveria estar em completa submissão ao governo d’Ele.

Foi nesse contexto que Samuel foi instruído pelo Senhor a ungir o primeiro rei de Israel. O ato significativo de o rei ter que ser ungido publicamente pelo profeta do Senhor, também era uma indicação de que a instituição da monarquia em Israel estava debaixo da autoridade de Deus. Os reis israelitas só teriam sucesso se agissem conforme a orientação especial de Deus.

1. Um sentimento de orgulho nacional (1ª Sm 8:4_5).

Deus sabia que o desejo de Israel por um rei baseava-se em sua confiança na força humana, em vez de confiar no poder divino.

O povo falhou em compreender que somente Deus era seu Rei, e que sua desobediência ao Senhor era a razão de seus problemas.

Esta posição era exatamente o que Deus não desejava. Ter um rei facilitaria o esquecimento de que o Senhor era o Seu verdadeiro Líder. Entretanto, não era errado Israel querer um rei; Deus mencionou esta possibilidade em Dt 17:14_20. Mas, na realidade, o povo rejeitava a Deus como seu verdadeiro Líder. Os israelitas queriam leis, um exército e um monarca no lugar do Senhor. Eles desejavam governar a nação através da força humana, embora somente a de Deus pudesse fazê-los prosperar na terra de Canaã.

O povo não viu nenhuma preparação nos filhos de Israel para assumir tal responsabilidade como eles exigiam. Além do mais, as 12 tribos viviam desunidas, pois cada uma possuía sua própria liderança e território, ou seja, não existia uma unidade entre as tribos que pudesse qualificar Israel como uma nação perante os povos vizinhos. Eles desejavam um rei que unisse as tribos em uma única nação e um só exército; eles queriam ter o orgulho de ser uma nação no seu stricto sensu: com um rei soberano, um exército e um comando que impusesse respeito e ordem. Isto significava rejeitar a liderança divina representada por Samuel. Dessa forma, os israelitas escolheram uma política meramente humana, fugindo de sua real vocação sacerdotal e profética.

Concordo com o Pr. Osiel Gomes quando diz que “há perigo quando o povo de Deus deixa a sua verdadeira vocação para imitar as instituições terrenas. Embora seja bíblico cumprir nossas obrigações políticas e sociais, a vocação da Igreja é espiritual, como afirmou Jesus: ‘O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui”’ (Jo 8:36).

2. O fracasso dos filhos de Samuel.

Samuel foi um juiz excepcional sobre Israel. Quando chegou o momento de Samuel se aposentar, os israelitas rejeitaram veementemente Joel e Abias, seus filhos, quando os escolheu ao ofício de juízes, tornando-os seus sucessores, pelo fato de que eles se achavam corrompidos e inadequados para conduzir a nação.

O paralelo comportamental entre os filhos de Eli e de Samuel é surpreendente. Os filhos de Samuel cometeram impiedades parecidas, usaram os cargos que ocupavam e a sua autoridade em benefício próprio, algo especificamente proibido pela Lei (Ex 23:8; Dt 16:19).

Na verdade, o fracasso dos filhos de Samuel é consequência do fracasso do próprio Samuel e sua esposa como pais. Como pais cristãos, temos uma grande responsabilidade no destino dos nossos filhos. É preciso compreender que falhar em educá-los de acordo com os preceitos do Senhor pode  trazer como resultado grande impiedade.

Como cristão, dedique seus filhos ao Senhor, sem esquecer que eles são herança e bênção. Ofereça-os ao Senhor para que o Pai celeste cumpra os seus propósitos através deles e continue a treiná-los para que frutifiquem em vida piedosa. A educação cristã só termina quando os filhos tornam-se independentes e constituem suas próprias famílias.

Os israelitas estavam passando por um momento de turbulência espiritual e governamental, não por causa de Deus, que queria ser o Seu rei, mas por causa da rejeição do povo ao próprio Deus. O povo estava envolvido numa verdadeira idolatria; tenha uma noção disso em 1ªSm 7:3_4. Além do mais, a Arca da Aliança tinha sido sequestrada pelos filisteus; havia ameaças constantes destes inimigos e os filhos de Samuel não andavam em caminhos retos.

Tendo Samuel envelhecido, procurou colocar seus dois filhos, Joel e Abias, como sucessores para julgar Israel, mas eles não andavam pelos caminhos de Samuel; antes, se inclinaram à avareza, se corromperam e “perverteram o juízo” (1ªSm 8:3); eles foram corruptos qual os filhos de Eli (1ªSm 2:12). Joel e Abias eram corruptos, portanto, não serviam a Deus e o povo se indignou tanto contra eles que pediu a mudança da forma de governo, rejeitando ao próprio Deus como rei sobre si (1ªSm 8:4_7).

É impossível saber se Samuel foi um mau pai. Seus filhos eram adultos o suficiente para serem responsáveis pelos seus próprios atos. Todavia, os maus caminhos que eles andavam não foram bem vistos pelos anciãos de Israel, e por causa disto foram rejeitados para suceder a Samuel na liderança do povo de Deus. Embora fosse duro ouvir essa rejeição dos representantes principais do povo, os anciãos, Samuel era cônscio de que eles falavam a verdade. Como um líder fiel, sincero, autêntico, que só queria o bem maior do povo de Deus, aceitou essa rejeição sem nenhuma reserva. Para ele, a obra de Deus era muito mais importante do que as benesses empregatícias da família.

“Então, todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações” (1ªSm 8:4_5).

Contudo, Samuel, ao contrário de Moisés, esqueceu-se que o povo era de Deus e não dele. Assim, ao constituir seus filhos como juízes, tomou uma deliberação precipitada, sendo, aliás, este o seu grande erro. Samuel deveria ter pedido a Deus que escolhesse um sucessor e não fazer dos seus filhos sucessores.

Temos de admitir que, na atualidade, vivemos uma verdadeira “síndrome de Samuel”. Homens de Deus dedicados, exemplares e irrepreensíveis, em seu profundo zelo pela obra do Senhor, têm caído na armadilha em que caiu o profeta Samuel, e tem procurado resolver a sua sucessão em família, sem qualquer consulta a Deus. Que eles possam ver os prejuízos causados por este gesto de Samuel antes que o povo de Deus se indigne e passe a querer copiar o mundo, escolhendo formas de governo que signifiquem a rejeição do Senhor, como, aliás, infelizmente, já está ocorrendo.

Sem dúvida, faltou a Samuel, e falta aos líderes atuais que vivem essa síndrome, a convicção de que Deus é o principal responsável pela Sua obra e que, portanto, devemos nos cercar da orientação e sabedoria divina para tomarmos decisão a este respeito, não nos esquecendo de que a obra é do Senhor e que, portanto, nenhum líder tem a prerrogativa de ditar, por sua própria conta, o futuro do povo de Deus. Somente Deus sabe, de antemão, o que está para acontecer e, portanto, sabe muito bem quem deve liderar o povo nos anos que estão por vir.

2.1 Os anciãos na Bíblia.

Quando os israelitas se opuseram à vontade de Samuel em tornar seus filhos os seus sucessores, os anciãos, agindo como representantes do povo, procuraram Samuel e lhe disseram que os israelitas não queriam tê-los como juízes de Israel.

Nas páginas bíblicas, frequentemente, o termo ancião indica uma função e nem sempre a idade avançada de quem a exerce. Por este motivo, algumas traduções bíblicas vertem o vocábulo hebraico por “chefe”, “responsável” etc. No Antigo Testamento, os anciãos eram os chefes das famílias e dos grupos de famílias que formavam as tribos. Os anciãos de uma mesma cidade formavam um conselho responsável que dirigia a cidade e administrava a justiça. Eram guardiões da tradição. No Novo Testamento, os Evangelhos  mostram os anciãos como pessoas responsáveis por tarefas  de responsabilidade na comunidade hebraica; nos Atos dos Apóstolos e em algumas Cartas, são cristãos com algumas responsabilidade na comunidade local; e no Apocalipse, 23 anciãos fazem parte de uma corte, no céu, talvez como representantes do povo de Deus.

Observação:

Devemos ter cuidado para não culparmos a nós mesmos pelos pecados de nossos filhos. Por outro lado, a paternidade é uma incrível responsabilidade, e nada é mais importante do que moldar e formar a vida de nossos filhos.

Se os seus filhos adultos não seguem a Deus, perceba que você não pode mais controlá-los. Não culpe a si mesmo por algo que não está mais sob sua responsabilidade. Mas, caso eles ainda estejam sob os seus cuidados, saiba que o que você faz e ensina pode afetar profundamente seus filhos e durar para toda a vida (Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal).

3. Rejeitando os planos de Deus (1ªSm 8:6_22)

Era da vontade de Deus que Israel tivesse um rei? Estava claro em Israel que Deus pretendia que o povo israelense tivesse um rei. Profecias do tempo de Moisés indicam que sim (Gn 49:10; Nm 24:17; Dt 17.14-20).

Quando a nação israelita firmou-se na terra que mana leite e mel, Deus foi entronizado como o verdadeiro Rei de Israel, mas, em Gn 49:10 há a informação que a dinastia real viria da tribo de Judá. Porém, nos dias de Samuel, a reivindicação para que a instituição do regime monárquico substituísse o teocrático tinha motivação em desacordo com os preceitos divinos. A atitude de desaprovação de Deus estava relacionada ao fato de Israel desviar seus olhos e passar a olhar as nações em volta deles. Em vez de segui-lo, os israelitas cederam à pressão social, alimentaram o desejo de ser “como as outras nações” (8:20).

Israel fez pouco caso da situação privilegiada de ter Deus como o seu único Rei, pediu um rei na ocasião errada e com motivos impróprios, com base na aparência humana e dados superficiais. Contudo, em resposta a esse pedido Deus escolheu um rei para o povo, pois estava dentro da sua vontade permissiva.

Os anciãos erraram ao não reconhecerem Deus como seu verdadeiro Rei (8:7; 12:12). São apresentadas três razões para o pedido dos anciãos:

• o desejo deles de se conformarem ao padrão de outras nações. Como as outras nações tinham reis que se vestiam e se exibiam como pavões, ostentando uma coroa na cabeça, os israelitas pareciam querer se transformarem em súditos de alguém com este perfil.

• a corrupção dos filhos de Samuel;

• a necessidade de um comandante militar (1ª Sm 8:30).

Diante das circunstâncias adversas em que vivia o povo de Israel, naquela época, com uma espiritualidade e um padrão moral totalmente desvirtuado daqueles estabelecidos por Deus, e os inimigos apertando cada vez mais o povo, sem dúvida, o Senhor desejava ser, Ele próprio, o único defensor e governador de Israel. O Senhor desejava que seu povo fosse santo e diferente de todas as outras nações da terra.

Deus tinha os seus planos no futuro para Israel no tocante ao governo do seu povo; Ele já tinha previsto que estabeleceria uma monarquia sobre o seu povo. É tanto que muito tempo antes, à época de Moisés, ele indicou as regras a serem seguidas pelo futuro rei. Ele sabia que esse momento chegaria (Dt 17:14). Assim, no tempo certo, o próprio Deus daria um rei com as qualidades necessárias. Entretanto, os israelitas exigiram um rei fora do tempo, fora dos planos de Deus; não quiseram ser diferentes, preferiram se conformar ao mundo (1ªSm 8:20). Samuel se entristeceu com o pedido, mas o Senhor o instruíra a atendê-lo. Afinal, não rejeitaram ao profeta, mas, sim, ao Senhor (1ªSm 8:7). Deus permitiu isto, porém, a sua vontade perfeita era que Ele próprio governasse o Seu povo (1ªSm 8:7; 12:12).

“Porém essa palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao SENHOR. E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te disser, pois não te tem rejeitado a ti; antes, a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele” (1ªSm 8:6_7).

Diante do pedido insistente do povo, Samuel teve que protestar solenemente e explicar o direito do rei. Ele disse que o monarca enriqueceria a si mesmo à custa dos súditos, convocaria rapazes e moças para o serviço militar e doméstico, e praticamente os transformaria em escravos. Samuel, certamente, disse isto com fulcro nos textos sagrados exarados no Livro de Deuteronômio (cf. Dt 17:14_20). As regras em Deuteronômio visavam a conter os males que, sem dúvida, resultariam da monarquia.

A Igreja não pode cometer o mesmo erro de Israel do passado, fazendo escolhas erradas quer na esfera espiritual, quer na esfera humana; para tanto ela deve lançar-se à oração, jejum, consagração e viver uma vida de constante santificação porque sem a qual ninguém verá a Deus.

A Igreja tem de pedir a direção divina para que, através de uma vida santa, Deus estabeleça homens segundo o Seu coração, cheios do Espírito Santo, homens que conhecem a vontade de Deus e que governem bem a Igreja de Jesus Cristo, sendo Ele mesmo a Cabeça da Igreja.

Jesus é a Cabeça da Igreja porque Ele a amou e por ela morreu. Jesus tem o direito de guiar a Igreja por causa de Seu grande sacrifício. Ver Cristo como a Cabeça da Igreja dá segurança àqueles que são membros da Igreja de Cristo, pois os faz lembrar a perfeita direção que dEle recebem. Esta também deve ser uma razão para os não cristãos quererem entrar na Igreja – para que venham submeter-se à liderança infalível de Cristo.

II. A ESCOLHA DE SAUL COMO REI

1. Por que Saul?

O pai de Saul, Quis, que era um cidadão de destaque; a lista detalhada dos antepassados de Saul indica que ele pertencia a uma família ilustre (Mt 1:1_17). Saul tinha a imagem perfeita de um líder político, era o homem mais alto e mais bonito de Israel (9:2; 10:3). Mas apenas possuir boa aparência e bom nome não era o bastante para ser um bom governante. Para ser líder eficaz não é suficiente ter formosura e uma família admirável.

Reflitamos sobre o grau de dependência que temos do Senhor. A vida cristã passa pela tomada de decisões. Para tomar quaisquer decisões o crente deve pedir orientação de Deus, tomá-las sem buscar a direção pode trazer grandes prejuízos.

No começo, tudo parecia ir muito bem, o profeta Samuel fez um um belo discurso de posse. Sob o governo de Saul, Israel venceu uma batalha contra a importante nação de Amom. Saul foi escolhido para atender uma exigência, a destempo, do povo – “… porque tenho olhado para o meu povo, porque o clamor chegou a mim” (1ªSm 9:16). Ele foi escolhido (1ªSm 9:15_17), mas o contexto de 1ªSm deixa transparecer que o foco principal era outra pessoa: Davi. Deus, que conhece o interior do ser humano, sabia que Saul não era a pessoa certa para liderar o Seu povo. Saul foi escolhido porque o povo rejeitou o Senhor, e Deus queria mostrar ao povo o quanto era precipitada essa atitude. Deus, naquele momento, atendeu o desejo do povo, mas não correspondia a Sua vontade ter Saul como líder máximo da nação. Na Sua presciência, Ele sabia que Saul era orgulhoso, precipitado, não se arrependia quando era reprendido pelo Senhor, tinha um instinto vingativo, era inconsistente e inconsequente. Na verdade, profundamente analisando, foi o povo que elegeu Saul, e não Deus; Samuel afirmou isso (1ªSm 12:12_13).

“E, vendo vós que Naás, rei dos filhos de Amom, vinha contra vós, me dissestes: Não, mas reinará sobre nós um rei; sendo, porém, o SENHOR, vosso Deus, o vosso Rei. Agora, pois, vedes aí o rei que elegestes e que pedistes; e eis que o SENHOR tem posto sobre vós um rei”.

Com dois anos de reinado o Senhor rejeitou a Saul (1ªSm 13:14), e disse, inclusive, que seria ele sucedido por alguém escolhido por Ele mesmo; seria escolhido um homem segundo o Seu coração. Para Saul, isto tornou-se um tormento, porquanto o Senhor confirmava que o sucessor ao trono seria alguém escolhido por Deus e não por Saul. Davi foi ungido, e Saul percebeu logo que a sucessão ao trono não viria da sua linhagem. Saul ficou obcecado para matar Davi, pois sabia que este o haveria de suceder, pondo em risco a sua própria casa.

Mesmo depois da morte de Saul, o grande ressentimento que se teve na sua casa foi sempre a circunstância de ter sido retirada do poder em favor de Davi e sua descendência (2ªSm 6:20_23; 16:5_8), o que, inclusive, refletiu até mesmo na tribo de Saul (Benjamim), igualmente preterida em favor de Judá (2ªSm 20:1), até porque frustrada foi a tentativa de Abner fazer continuar reinando o único filho sobrevivente da casa de Saul, Isbosete (2ªSm 2:8; 3:6; 4:1,7_8), apesar de ele bem como Isbosete saberem que isto era contrário à vontade de Deus, o qual tinha ordenado ungir Davi para suceder a Saul.

2. A Unção de Saul por Samuel (1ªSm 10:1)

No Antigo Testamento, a unção, ao mesmo tempo que estabelecia um vínculo particular entre Deus e a pessoa ungida, o ato de ungir significava dedicar, declarar, consagrar formalmente alguém para o desempenho de uma vocação, cargo, ofício ou uma função (Lv 8:12). Era um ato realizado pelo sacerdote. Primeiramente privativo, depois seguido de atos públicos de reconhecimento. É comparado hoje com o chamado de Deus por meio do seu Espírito a alguém e à consagração por meio de envio ou ordenação de um ofício.

Encontramos no capítulo 10 e versículo 1 o primeiro registro de uma unção com azeite fora da unção dos sacerdotes e do santuário. Neste texto, está registrado o trato de Deus com a monarquia em equivalência com o sacerdócio.

Enquanto Saul  confiasse no poder de Deus, ele seria capaz de governar com sabedoria. Quando o Espírito do Senhor o dominou, ele se tornou “um novo homem” (10:6). Isto é, enquanto ele escolhia obedecer, o Espírito era operante em sua vida e fazia dele um poderoso servo de Deus. Quando Saul foi coroado rei, Samuel  lembrou que Israel seria uma nação feliz e próspera, de fato isso aconteceu, porém, o apogeu da prosperidade se deu nos reinados de Davi e Salomão.

O Espírito do Senhor veio sobre diversas pessoas no Antigo Testamento, conforme o relato ocorrido com Saul. Podemos ler sobre ocorrências semelhantes em Jz 3:10; 6:4; 11:29; 13:25; 1ª Sm 16:13; 1ª Cr 12:18. O Espírito também estava em algumas pessoas (Nm 27:18; Dn 4:8; 6:3; 1ª Pe 1:1) e encheu alguns dos servos de Deus a fim de que realizassem serviços específicos (Ex 31:3; 35:31).

“então, tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Acaso o Senhor não te ungiu como governador sobre o povo dele, Israel?”.

Quando um rei israelita tomava posse, ele não era apenas coroado, mas ungido também. Primeiramente, vinha a unção. A coroação era o ato político de estabelecer o rei como governador; a unção era o ato religioso de fazer do rei o representante de Deus para o povo.

Um rei era sempre ungido por um sacerdote ou profeta. O óleo especial da unção era uma mistura de óleo de oliva, mirra e outras especiarias. Era despejado sobre a cabeça do rei para simbolizar a presença e o poder do Espírito Santo em sua vida. Esta cerimônia tinha a finalidade de lembrar o rei sobre a sua grande responsabilidade de governar o povo através da sabedoria de Deus, e não da sua.

O que é unção? É a capacitação especial do Espírito Santo para realizar a Sua obra. Quando Saul recebeu a unção, ele foi imediatamente capacitado. Veja o que o texto sagrado afirma:

“Sucedeu, pois, que, virando ele as costas para partir de Samuel, Deus lhe mudou o coração em outro; e todos aqueles sinais aconteceram aquele mesmo dia. E, chegando eles ao outeiro, eis que um rancho de profetas lhes saiu ao encontro; e o Espírito de Deus se apoderou dele, e profetizou no meio deles” (1ªSm 10:9_10).

Na Nova Aliança, Deus capacita os seus líderes, e qualquer um que é vocacionado para realizar a Sua obra, com a Unção do Espírito Santo; é o que comumente chamamos de Batismo com o Espírito Santo, que é o revestimento e derramamento de poder do Alto.

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós…”(At 1:8).

No Senáculo, todos aqueles que estavam esperando o Batismo com o Espirito Santo foram revestidos do poder do Alto para cumprir a Grande Comissão (Mt 28:19,20) estabelecida pelo Senhor.

“E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”(At 2:2:3).

Não devemos confundir o batismo com Espírito Santo com o batismo descrito em 1ªCo 12:13; Gl 3:27; Ef 4:5. Nestes textos sagrados, trata-se de um batismo figurado, apesar de real. Todos aqueles que experimentaram o Novo Nascimento (Jo 3:5) são batizados (imersos) no corpo místico de Cristo (Hb 12:23; 1ªCo 12:12ss). Nesse sentido, todos os salvos são batizados pelo Espírito Santo, mas nem todos são batizados com o Espírito Santo.

3. Os sinais de confirmação da Unção (1ªSm 10:2-7)

Na Antiga Aliança, a manifestação do Espírito era “com” os servos de Deus, em contraste com o relacionamento do Senhor junto aos crentes da Nova Aliança, agora, a partir do dia do Pentecoste, o Espírito faz de nós a sua habitação permanente (Jo 14:17). Não é necessário o derramamento de azeite para difundir a Palavra ao pecadores, para a separação de obreiros ao ministério basta a imposição de mãos do presbítero (1ª Tm 4:14; 2ª Tm 1:6).

Nas Escrituras Sagradas, o azeite simboliza o Espírito Santo. A unção envolvia uma consagração ou separação para o serviço. Era um ato religioso que estabelecia um relacionamento especial entre Deus e o rei, que servia como seu representante e líder do povo. Quando Samuel ungiu Saul como rei, Deus passou a ser com ele, mas a habilidade para governar bem, dependia da sua tomada de decisão neste sentido (versículo 7).

Jesus, como Rei do universo, subjuga a todos sob o seu governo, que provê libertação da opressão do pecado. Lc 4:18,19 relata o comprimento da profecia de Is 61:1_2 na vida de Cristo. Jesus foi à sinagoga e diante das pessoas presentes leu em voz alta o texto escrito pelo profeta Isaías a respeito de sua vinda e missão. O texto diz que Deus ungiu a Jesus para evangelizar os pobres, libertar os cativos e apregoar o ano aceitável do Senhor, que era o Ano do Jubileu, o tempo que os judeus deveriam cancelar dívidas e libertar escravos (Lv 25:8_55).

O cristão tem a unção do Espírito e a mesma missão do Senhor (1ª Jo 2:20). É necessário assumir a chamada de Deus e cumprir a vocação espiritual que há em nós (Ef 1:5_8). Fazemos bem ao reconhecer a unção espiritual sobre nós e imitar a Cristo, no sentido de transformar o conteúdo de Is 61:1_2 na essência da nossa atividade cristã, pois Jesus disse “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará” (Jo 14:12).

Alimentar-se da Palavra é o segredo para o sucesso espiritual: “Não cesse de falar deste Livro da Lei; pelo contrário, medite nele dia e noite, para que você tenha o cuidado de fazer segundo tudo o que nele está escrito; então você prosperará e será bem-sucedido” (Js 1:8).

Samuel deu a Saul um sinal triplo a fim de comprovar a autenticidade de sua eleição como líder ungido de Israel e da comissão que Samuel tinha acabado de lhe transmitir. Os sinais foram:

  •   Saul encontraria as jumentas perdidas de seu pai.
  •   Ele encontraria três homens no Monte Tabor, um levando três cabritos, outro, três bolos de pão, e o outro, um odre de vinho.
  •   Ele teria capacidade de profetizar pelo Espírito de Deus.

-No entendimento do Pr Osiel Gomes, o primeiro sinal representava o trabalho que o rei teria; o segundo apontava para o sustento divino para a tarefa de Saul; e o terceiro, o rei reinaria sob o Espírito de Deus e, assim, salvaria Israel de seus inimigos.

-No entendimento de Robert B. Chisholm Jr., os dois primeiros sinais mostraram o controle providencial de Deus sobre os acontecimentos e o terceiro mostrou que Deus tinha escolhido Saul para ser seu instrumento especial, ungido (capacitado) pelo Espirito Santo para realizar a tarefa que lhe foi confiada.

Uma vez cumprido os sinais e Saul se convencesse da presença de Deus e de seu poder capacitador, ele devia fazer o que fosse apropriado (1ªSm 10:7).

“E há de ser que, quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão, porque Deus é contigo”.

Embora essa ordem pareça ser tanto vaga, o contexto parece indicar que Samuel tinha em mente uma ação militar. Afinal, a incumbência de Saul consistia em livrar Israel de seus inimigos (cf. 1ªSm 9:16), e Samuel faz questão de lembrá-lo da presença de uma guarnição de filisteus em Gibeá (1ªSm 10:5 – ARA). A promessa de que o Espírito Santo “virá sobre Saul” (1ªSm 10:6) também pode sugerir ação militar.

Uma vez cumprido todos esses sinais, Saul deveria ir a Gilgal e esperar sete dias até Samuel chegar para oferecer sacrifícios (1ªSm 10:8). Todos os sinais indicados em 1ªSm 10:2-6 se cumpriram no mesmo dia, mas os acontecimentos em Gilgal ocorreram posteriormente (1ªSm 13:7-15).

Não devemos concluir pelo texto de 1ªSm 10:9 que Saul teve uma experiência genuína de conversão. Na verdade, Saul vivia segundo a carne, como sua história posterior deixa claro.

Apesar de não ter havido uma experiência pessoal e salvadora, o Espírito Santo o capacitou para a posição oficial de governante do povo de Deus. Em outras palavras, oficialmente, Saul era um homem de Deus, mas, a nosso ver, não tinha um compromisso pessoal com o Senhor.

Num primeiro momento, podemos perceber que o rei Saul foi ungido pela soberana vontade de Deus; entretanto, ele reinou indiferente aos mandamentos divinos; era um rei falho, egoísta, ciumento e não estava nem aí para obedecer aos mandamentos do Senhor.

Por isso, mas tarde, por causa da desobediência às ordenanças de Deus, ele perdeu a unção, ou seja, perdeu a presença e o poder do Espírito Santo sobre a sua vida; por conseguinte, perdeu a capacidade de governar o povo de Deus. Está escrito:

“e o espírito do senhor se retirou de Saul, e o assombrava um espírito mau, da parte do Senhor” (1ªSm 16:14).

Saul foi capacitado pelo Espírito Santo, mas perdeu a unção em sua vida. Aquele Saul, que Samuel derramou um vaso de azeite sobre a cabeça, e o beijou, e disse: “Acaso o Senhor não te ungiu como governador sobre o povo dele, Israel?”(1ªSm 10:1); aquele Saul, que após ser ungido o Espírito de Deus se apoderou dele e profetizou no meio dos profetas (cf. 1ªSm 10:10), perdeu a unção. A unção de Saul, agora, era coisa do passado.

Isto nos traz uma grande lição que deve ser considerada: a unção do Espírito Santo pode ser retirada de nós. Todos nós, servos de Deus, temos a unção do Espírito Santo. Está escrito: “e vós tendes a unção do Santo…” (1ªJo 2:20); mas, esta unção pode ser retirada de nós:

  • Se não estivermos no centro da vontade do Senhor.
  • Se não fizermos aquilo para o qual nos capacitou.
  • Se não nos empenharmos com amor e responsabilidade no reino de Deus.

Você entendeu? A unção pode ser tirada de nós! Perde-se a unção e fica somente o azeite sobre os cabelos! Tem muita gente vivendo somente de sua força física e capacidade intelectual, e do azeite que ainda pensa estar sobre sua cabeça, mas a unção de Deus já se foi há muito tempo.

Na Nova Aliança, os que são vocacionados por Deus para realizar a sua Obra, têm a unção do Espírito Santo – a capacidade que vem do alto para o exercício do santo ministério (Ef 4:11-14). Os que são separados para compor o ministério eclesiástico não é necessário o azeite para ungi-los, basta apenas a imposição de mãos do presbitério (1ªTm 4:14; 2ªTm 1:6) e ser escolhido de acordo com os preceitos estabelecidos pelo Espírito Santo em 1ªTm 3:1-13. Se seguir estas diretrizes impostas pelo Espírito Santo, teremos uma Igreja esplendidamente sadia, forte e unida.

III. O REI QUE O POVO ESCOLHEU

1. Uma escolha pautada na aparência

No princípio, o povo de Israel não entendeu bem o que significava ter um rei. Tanto o rei como o povo, deveriam viver debaixo da autoridade e do julgamento de Deus (1ª Sm 2:7_10).

A história de Israel demonstra que nosso desejo de imitar o mundo pode parecer justo, mas o resultado final é sempre desastroso. Os relatos registrados nos livros 1ª e 2ªReis mostram que o sucesso de qualquer rei, e da nação israelita inteira, sempre dependia da medida de fidelidade à Lei de Deus; o fracasso dos reis sempre resultou em quedas sucessivas, e, por fim, arrastava os judeus ao cativeiro em territórios gentílicos.

Deus é quem escolhe a liderança de sua igreja, o cristão deve estar submisso nesta situação (Nm 27:15-18; Mt 9:38; Lc 10:2). Em um mundo onde  todos estão  constantemente ocupados, a reclusão periódica para a oração é essencial durante a caminhada cristã, para todos os crentes (Lc 5:16; Ef 6:18). Para ser cristão autêntico é necessário assumir as mesmas posturas de Cristo. Na Galileia, quando Jesus olhou para a multidão sofrida, comparou o povo como ovelhas que não tinha pastor. Ele reuniu os doze discípulos e os fez saber que a liderança cristã deve ser escolhida tendo como base a oração, tal ensino foi transmitido com seu próprio exemplo, ao escolhê-los em oração e orientando-os a rogar a Deus sobre a necessidade de trazer trabalhadores para a seara (Lc 6:12_14; Mt 9:37_38).

A aparência nada diz acerca do caráter de uma pessoa. Se quer conhecer uma pessoa, conviva com ela por algum tempo, pois os seus atos lhe dirão quem realmente ela é. As primeiras impressões podem ser enganosas, especialmente quando a imagem criada pela aparência da pessoa é contraditada por suas qualidades e habilidades. Saul representava a imagem visual ideal de um rei, fisicamente, era um homem notável (1ªSm 9:2), mas as tendências de seu caráter foram com frequência contrárias às ordens de Deus para um rei. O povo não via nada além que a aparência humana; mas Deus, que sonda todas as coisas, conhecia o coração de Saul.

Mesmo utilizando a aparência para escolher o rei Saul, e não o seu caráter, Deus atendeu ao pedido do povo que desejava um rei, mas seus mandamentos e requisitos permaneceram intactos. O Senhor deveria ser seu verdadeiro Rei, e tanto Saul como o povo deveriam estar sujeitos às suas leis. Nenhuma pessoa está excluída de sua jurisdição. O Senhor é o verdadeiro Rei de cada área de nossa vida. Devemos reconhecer sua soberania e padronizar nossos compromissos, profissão e nosso lar de acordo com seus princípios.

2. Os direitos do novo rei (1ªSm 8:10_17)

O direito do reino foi estabelecido em Israel, havendo a exigência que o rei fosse um homem hebreu (Dt 17:14_15).

Apesar das advertências de Deus sobre haver um rei em Israel naquele tempo, o povo permaneceu com a ideia fixa sobre isso. O Senhor revelou a Samuel acerca das desvantagens do regime monárquico, e Samuel advertiu o povo  enumerando os privilégios e direitos do rei sobre os demais israelitas, descrevendo o abuso de poder sobre a vida, a produção e o trabalho dos cidadãos  (1ª Sm 8:10_18):

• recrutamento de rapazes e moças (versículo 11 a 13);
• alienação dos bens, a apropriação de servos e de animais (versículos 15 e 16);
• perda da liberdade individual (17 b).

Fora do momento determinado por Deus, os israelitas buscavam um governo que propiciasse segurança, mas eram avisados por Samuel que, naquela circunstância o rei que deveria propiciar apenas bem-estar também provocaria opressão a ponto de chegar um momento quem eles clamariam por misericórdia, mas não seriam atendidos prontamente em seus clamores (versículo 18). Apesar dos pesares, os direitos de todo o povo, ricos e pobres, eram garantidos pelas leis de Deus.

Deus atendeu o pedido do povo, mas deixou claro quais eram os direitos que o rei teria, ou seja, esse novo posicionamento do povo traria peso sobre ele.

Sociologicamente, olhando para a forma como Israel vivia antes da monarquia, cada família era dirigida pelos seus anciãos; eram todos livres. Vivendo agora sob o domínio de um rei, o povo, que antes não prestava serviço a ninguém e que vivia dominado e orientado pelo Senhor, doravante iria sair dessa vida autônoma para uma vida de submissão, que envolvia alguns aspectos: (a) militar – seriam convocados para a guerra; (b) agrícola – o melhor das colheitas seria para o rei; (c) serviços gerais – as mulheres trabalhariam como perfumistas, cozinheiras, padeiras, etc.; (d) impostos – doravante pagariam impostos ao rei.

A vida livre que antes Israel vivia agora seria marcada pela imposição. A situação iria cada vez mais se intensificar, a ponto de os israelitas voltarem-se para o Senhor (1ªSm 8:18). Samuel passa a descrever sobre as exigências reais. Estudiosos falam que essas exigências eram tão pesadas como são as exigências tributárias atuais em nosso país.

O texto diz mais que o rei iria presentear aqueles ministros que servissem bem. O presente, na verdade, era tomar a terra de alguém e entregar a esses servos reais. E mais, tudo que fosse melhor – jovens, bois, frutos, impostos da colheita -, o rei teria direito de tomar. Veja o que Samuel disse ao povo (1ªSm 8:10-18):

“E falou Samuel todas as palavras do SENHOR ao povo, que lhe pedia um rei,

e disse: Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós: ele tomará os vossos filhos e os empregará para os seus carros e para seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros;

e os porá por príncipes de milhares e por cinquentenários; e para que lavrem a sua lavoura, e seguem a sua sega, e façam as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros.

E tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras.

E tomará o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais e os dará aos seus criados.

E as vossas sementes e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus eunucos e aos seus criados.

Também os vossos criados, e as vossas criadas, e os vossos melhores jovens, e os vossos jumentos tomará e os empregará no seu trabalho.

Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de criados.

Então, naquele dia, clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o SENHOR não vos ouvirá naquele dia.”

Estas exigências descritas por Samuel, agora, iriam fazer parte do novo sistema político que o povo tanto desejava, um padrão praticado pelas nações gentílicas.

Samuel cuidadosamente explicou todas essas consequências negativas de se ter um rei, mas os israelitas se recusaram a dar ouvidos, e exigiram o rei.

“Porém o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras” (1ªSm 8:19_20).

Quando você quiser tomar uma importante decisão, veja os pros e os contras cuidadosamente e considere todas as pessoas que podem ser afetadas pela sua decisão. Quando se deseja algo prejudicial é difícil enxergar os problemas que advirão, mas não negligencie os pontos negativos. A menos que tenha uma maneira para lidar com cada um deles, mais tarde eles lhe causarão grandes dificuldades.

O motivo de os israelitas pedirem um rei era para serem como os povos ao seu redor; isto era totalmente oposto ao plano original de Deus. O erro não estava em querer um rei, mas nos motivos desse desejo.

Frequentemente, permitimos que os valores de outras pessoas ou povos ditem as nossas atitudes e comportamentos. Você já fez uma escolha errada porque quis imitar o mundo? Tome cuidado para que os valores de seus amigos ou “heróis” não o afastem da Palavra de Deus. Ao querer ser como os incrédulos, o povo de Deus rumará para o desastre espiritual e moral. Pense nisso!

3. O novo sistema político e o aspecto teológico

Os cristãos devem saber se conduzir em relação à lei civil e à aliança que tem com Deus. É necessário aprender a relacionar-se de forma apropriada com as autoridades ordenadas por Deus. Saber tais princípios é uma parte importante da caminhada cristã, revela o nível da nossa maturidade espiritual.

Muitas vezes, a natureza pecaminosa que há em nós tenta sobrepôr nossa natureza renascida em Cristo. Por estar em constante  rebelião contra Deus, cria situações conflituosas de relacionamento com as autoridades constituídas. Precisamos de muito cuidado nesta questão, para não esquecer de usar a disciplina exposta na Palavra do Senhor, com vista a ter uma vida social calma e sossegada (1ª Pe 2:13_17).

Como crentes em Deus, é preciso entender que a sujeição que o Senhor pede de nós não tem como objetivo apenas evitar a punição, mas para nos manter em condições de influenciar a sociedade propagando a fé cristã em nossa geração.

Respeite as autoridades designadas por Deus, mas não dê mais honras a elas do que a Deus ou a sua Palavra. O cristão deve obedecer as leis civis, mas somente após constatar que não contrariam os ensinos das Escrituras Sagradas. Quando honramos mais as leis criadas pelos homens do que a lei de Cristo, quando damos maior valor ao governo humano, deixamos de honrar o Senhor dos senhores e praticamos idolatria.

Com a instituição da monarquia, a liderança seria centralizada na pessoa do rei. Todavia, Deus não deixaria o seu povo totalmente à mercê do governo humano para estabelecer diretrizes e normas; Ele continuaria cuidando do seu povo, dando as diretrizes corretas ao rei para serem aplicadas, sob pena de responsabilidade governamental. Os reis deveriam governar tendo como medida o reino superior de Deus, com justiça e equidade. Caso não procedessem assim, seriam julgados pelo Senhor.

Deus havia feito um pacto perpétuo com a casa de Davi – ela teria que proceder com equidade -, porém, sempre fracassou, infelizmente, porque o governo humano é falho e inconsistente. O que ficou foi a promessa que, da linhagem de Davi, viria o grande Rei, Jesus, que julgará os povos com justiça (Is 11; Jr 23; Ez 34).

Teologicamente, entende-se que, no novo sistema político, a monarquia, Deus continuaria reinando no cenário humano, mas tendo como representante maior o seu ungido, o qual deveria representar a justiça do Senhor perante seu povo. Caso o rei não seguisse o padrão de justiça estabelecido por Deus, então ele seria castigado; sacerdotes e profetas representariam o conselho de Deus para o governo monárquico. Assim, o Altíssimo conduziria o seu povo pela história. Na oração de Ana, ela descreve Deus como aquele que controla tudo, ou seja, o destino do seu povo e da raça humana. Ele é quem abate e exalta, inclusive é quem dará força ao rei e ao seu ungido (1ªSm 2:1_10).

O desenvolvimento posterior da monarquia em Israel

Em resumo, a monarquia em Israel tinha a responsabilidade de preservar a justiça com base na proclamação da Lei de Deus. Para tanto, os reis também contavam com a orientação do sacerdócio e dos profetas do Senhor.

Israel teve uma monarquia unida até o reinado de Salomão. Após a morte do rei Salomão, o reino foi dividido em duas partes: o Reino do Norte (Israel) e o Reino do Sul (Judá). Saiba mais sobre o reino dividido.

A descendência de Davi continuou ativa no trono do Reino do Sul até a queda de Judá diante da Babilônia de Nabucodonosor em 587 a.C. Já o trono do Reino do Norte foi ocupado por várias dinastias. No geral, os reis do Reino do Norte foram homens maus que frequentemente estavam envolvidos com práticas que desagradaram ao Senhor. A monarquia no Reino do Norte chegou ao fim quando Israel foi dominado pela Assíria em 722 a.C.

Mas os monarcas do Reino do Sul também não estavam livres de erros, muito pelo contrário. As reformas promovidas no tempo do rei Josias servem de exemplo sobre como o povo e a própria monarquia de Judá havia de distanciado dos preceitos de Deus (2ª Re 22_23).

Depois do domínio babilônico, o povo judeu ainda ficou submisso aos persas e posteriormente aos selêucidas. Com a Revolta dos Macabeus, os judeus desfrutaram de alguma liberdade e tranquilidade.

Durante aquele tempo alguns sumos sacerdotes macabeus fizeram uso do título de rei, mas de um modo muito distante daquele dos tempos áureos da monarquia em Israel. Embora alguns desses governantes fossem vistos como sendo supostamente cumprimentos da esperança messiânica, o Novo Testamento não deixa dúvida de que tal esperança só foi cumprida em Jesus Cristo.

Causas Principais do Cativeiro Babilônico

causas principais

O diagrama mostra o nível moral da vida dos reis de Judá, cujos exemplos foram seguidos pelo povo – levando o reino à queda.

O diagrama mostra o nível moral da vida dos reis de Judá, cujos exemplos foram seguidos pelo povo – levando o reino à queda.

Reis como Davi, Asa, Jeosafá, Joás, Jotão, Ezequias, e Josias foram gigantes espirituais, apesar de seus defeitos.

Devido a estes governantes, a nação foi salva da destruição por um longo período.

Mas, a grande maioria dos reis, como revela o desenho, não viveu no plano elevado da justiça, mas desceu a pecados graves e à idolatria, trazendo o juízo divino que resultou no cativeiro em Babilônia. 

CONCLUSÃO

A humanidade está ameaçada pelo maligno e escravizada pelo pecado. Jesus veio ao mundo para libertar o homem oprimido. Jesus trouxe o reino de Deus e a oportunidade de libertação às almas através do sacrifício vicário. É o reino de amor, de graça, de vida, de luz e salvação. Todo aquele que cumpre seus mandamentos faz parte da monarquia do Rei dos reis e Senhor dos senhores, foi salvo do cerco de Satanás e está livre do mal.

Se você deseja ser usado por Deus, o que vê como a fonte de seu grande sucesso? Confia demais em sua força humana ou duvida por causa de sua fraqueza humana? Lembre-se: não podemos perder de vista que o Pai, por meio da intermediação de Jesus, é quem governa a nossa vida, somente o poder de Deus pode fazer-nos realmente úteis ao serviço de seu reino, portanto, a nossa vontade e escolhas precisam sempre estar bem alinhadas com a vontade de Deus.

Devemos ter em nossa mente a certeza de que Deus é quem domina a nossa vida e a história. Por isso, não podemos perdê-lo de vista, jamais. Como povo de Deus da Nova Aliança, devemos nortear a nossa vida, em todos os aspectos, conforme a vontade de Deus; nossas escolhas, decisões, diretrizes devem estar sempre bem alinhadas com os ditames de Deus exarados na Sua Palavra, que é a Carta magna de Deus para a Sua Igreja; todos os líderes das Igrejas Locais devem estar sob as suas determinações, caso contrário, esse líder será responsabilizado pelo Senhor por desobediência. Obedecer é um princípio fundamental para toda a Igreja, incluindo, claro, os líderes; e Deus requer obediência incondicional.

http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/adultos/1759-a-instituição-da-monarquia-em-israel.html

https://www.gospelprime.com.br/a-instituicao-da-monarquia-em-israel/

http://luloure.blogspot.com/2019/10/aula-05-instituicao-da-monarquia-em.html

https://belverede.blogspot.com/2019/10/A-Instituicao-da-Monarquia-em-Israel-licao-5-Osiel-Gomes-EBD-Escola-Dominical-Governo-Divino-Maos-Humanas-Lideranca-Povo-Deus-1-2-Samuel-4-trimestre-2019-out-nov-dez-Casa-Publicadora-Assembleias-Deus-CPAD-13-licoes-subsidio.html

https://estiloadoracao.com/monarquia-em-israel/

Bíblia de Referência Thompson – Editora Vida – |Tradução de João Ferreira de Almeida – Edição Contemporânea

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