Algumas pessoas perguntam se a política do filho único ainda existe na China.
Lançada pelo governo chinês no fim da década de 1970, mais precisamente em 1979, consistia numa lei segundo a qual era proibido, a qualquer casal, ter mais de um filho.
Casais que tivessem mais de um filho eram punidos com severas multas. Em outubro de 2015, no entanto, o governo chinês aboliu a lei por conta do envelhecimento da população, ao passar a permitir até dois filhos por família.
Atualmente se o primeiro filho for homem os casais param por aí, mas se for mulher, o casal tenta mais um. Isso porque na cultura chinesa, são os filhos homens responsáveis pelo cuidado dos pais na velhice e a mulher ao casar-se, assina um termo onde promete cuidar dos sogros.
Se essa cultura é forte nos dias de hoje, imaginem na década de 70.
Com a política do filho único naquela época, a prioridade máxima era ter filho “Homem” (não é pleonasmo), daí muitos casos relatados de aborto e abandono de meninas.
Atualmente as mulheres chinesas são proibidas de saber o sexo do bebe na gravidez, pois por mais absurdo que pareça ainda hoje muitas abortam se souberem que é mulher.
Em 18 de Abril de 2018, o Washington Post publicou uma interessante reportagem sobre as consequências atuais da política do filho único na China, a qual faço um breve resumo nesse post e no próximo.
O que fez com que um dos maiores países do mundo criasse um desiquilíbrio de gênero em escala continental foi uma combinação de cultura, ações governamentais e moderna tecnologia médica.
São 34 milhões de homens a mais que mulheres na China.
É o equivalente a quase toda a população da Califórnia ou Polônia que nunca namoraram ou tiveram uma relação sexual.
O que a China e o Mundo começam a presenciar são milhões de homens que não se casam e um risco para o futuro da sociedade.
A consequência da política iniciada na década de 70 em uma cultura extremamente enraizada veio com o tempo e atualmente se vê um grande desiquilíbrio.
Mas o efeito disso ainda não atingiu seu pico. A maior diferença entre homens e mulheres em idade de casar, definida aqui entre 15 e 29 anos, ocorrerá nas próximas décadas, à medida que os bebês da década passada crescerem.
E considerando a grande quantidade de homens mais velhos e mais jovens que disputam o mesmo pequeno grupo de jovens mulheres, a diferença torna-se um abismo.
As consequências já são notadas no mercado de trabalho, no aumento da solidão, na redução do consumo e no aumento da prostituição.
Os principais aspectos que mostram como o desiquilíbrio tem afetado a sociedade são:
- Vida Estagnada:
Entre os homens, a solidão e a depressão são comuns. Algumas províncias estão se esvaziando. Os homens estão aprendendo a cozinhar e a realizar outras tarefas a muito relegadas às mulheres. O crescente número de homens que não conseguem encontrar noivas, teve um impacto profundo nos antigos ritmos da vida familiar. Filhos adultos vivem com suas mães e em alguns casos, com as avós.
Há uma “crise de masculinidade” se eles permanecem solteiros. A função básica de um homem na sociedade rural chinesa é ter uma família e cuidar dessa família.
”Se eles não casam são marginalizados”.
Muitos homens chineses acreditam que eles não têm muito valor na sociedade se não casarem.
“As pessoas pensam: – Qual o problema desse homem que não se casa? O que falta nele?”.
- Mercado de Trabalho:
O desiquilíbrio entre a mão de obra feminina e masculina é sentida em todas as empresas, além de jovens meninos que foram educados por pais e avós como verdadeiros imperadores em suas famílias estão iniciando suas vidas profissionais onde o trabalho em equipe e a hierarquia é muito valorizada.
Continua no próximo post….
Você precisa fazer login para comentar.