Ética cristã, vícios e jogos

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Texto Áureo

Pv 15:16 “Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que um grande tesouro onde há inquietação”

VERDADE PRÁTICA


Deus não criou o ser humano para ser escravo dos vícios nem dos jogos, pois segundo a Palavra de Deus, não podemos ser dominados por coisa alguma.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE


Pv 28.1-10


1 — Fogem os ímpios, sem que ninguém os persiga; mas qualquer justo está confiado como o filho do leão.
2 — Por causa da transgressão da terra, muitos são os seus príncipes, mas, por virtude de homens prudentes e sábios, ela continuará.
3 — O homem pobre que oprime os pobres é como chuva impetuosa, que não deixa nenhum trigo.
4 — Os que deixam a lei louvam o ímpio; mas os que guardam a lei pelejam contra eles.
5 — Os homens maus não entendem o juízo, mas os que buscam o SENHOR entendem tudo.
6 — Melhor é o pobre que anda na sua sinceridade do que o de caminhos perversos, ainda que seja rico.
7 — O que guarda a lei é filho sábio, mas o companheiro dos comilões envergonha a seu pai.
8 — O que aumenta a sua fazenda com usura e onzena ajunta-a para o que se compadece do pobre.
9 — O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.
10 — O que faz com que os retos se desviem para um mau caminho, ele mesmo cairá na sua cova; mas os sinceros herdarão o bem.

INTRODUÇÃO

A Bíblia Sagrada enaltece a vida moderada, o trabalho honesto e a boa administração da família (1ªCo 10.23; 1ªTm 5.8). Desse modo, as Escrituras eliminam a possibilidade de o cristão envolver-se na prática dos vícios ou jogos de azar. No entanto, as estatísticas indicam dados alarmantes acerca dos prejuízos provocados pela prática desse mal em nossa sociedade.

I. VÍCIOS: A DEGRADAÇÃO DA VIDA HUMANA


Tudo o que escraviza o homem e o faz perder seus valores é denominado de vícios que resultam na degradação da essência humana.

  1. O pecado do alcoolismo.
    O consumo do álcool é tanto um vício como um pecado (Lc 21.34; Ef 5.18; 1ªCo 6.10). Como consequência, a embriaguez altera o raciocínio e o bom senso (Pv 31.4,5). Além de retirar a inibição da pessoa, o álcool faz com que ela perca “a motivação para fazer o que é certo” (Os 4.11), levando-a a pobreza e a graves problemas de saúde (Pv 23.21,31,32). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam o alcoolismo como a terceira causa de morte no mundo. Pesquisas de 2015 indicam que no Brasil a cada 36 horas um jovem morre vítima do consumo abusivo do álcool. Cerca de 60% dos índices de cirrose hepática entre os brasileiros têm relação com o álcool. Diante desses fatos a igreja deve posicionar-se contra o alcoolismo e trabalhar na prevenção ao vício. O problema é de ordem espiritual, médica e psicológica. Infelizmente, muitas pessoas fazem uso da bebida alcoólica como um meio de fugir de seus problemas. Por isso, precisamos sair da clausura dos templos e anunciar que Cristo produz vida (Jo 10.10) e concede paz à alma (Jo 14.27).
  2. A escravidão das drogas.
    As drogas são substâncias químicas que provocam alterações no organismo. Essas substâncias causam dependência e o consumo excessivo provoca morte por overdose. As drogas afetam também o funcionamento do coração, do fígado, dos pulmões e até mesmo do cérebro. As drogas ilícitas mais comuns são a maconha, a cocaína, o crack e o ecstasy. As chamadas drogas lícitas como o álcool e o cigarro são igualmente prejudiciais à saúde. Em 2016, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime divulgou que quase 200 pessoas morrem anualmente em todo o mundo devido ao consumo de drogas. O Brasil apresenta uma média de 30 mil mortes por ano devido ao tráfico de drogas. As pessoas usam drogas principalmente para alterar o estado de espírito em busca de paz. Entretanto, as drogas agridem o corpo, que é templo do Espírito Santo (1ªCo 5.19,20). O cristão não deve usar nem participar de movimentos que visam legalizar as drogas. Seria uma tragédia generalizada!

II. JOGOS DE AZAR: UMA ARMADILHA PARA A FAMÍLIA


Tudo o que abarca investimento sem retorno garantido, descomprometido com a ética e a moral, resulta em sérios prejuízos para a família.

  1. A ilusão do ganho fácil.
    A sedução dos jogos de azar ocorre pela esperança de se obter lucro instantâneo. As pessoas são atraídas pela ilusão de ganhar dinheiro rápido e fácil sem o esforço do trabalho. Jogam na expectativa de tirar a sorte grande e, assim, resolver problemas financeiros. Ciente dessa realidade, o Estado não consegue ser eficaz no combate à jogatina. E ainda existem os jogos eletrônicos, bem como os ilegais como caça-níqueis e o jogo do bicho, entre outros. É um sistema que lucra e lucra muito. Mas os jogadores tornam-se compulsivos, endividam-se, arruínam a família e a própria vida. Depositar a esperança na sorte é pecado e implica não confiar na providência divina (Jr 17.5-7).
  2. Os males dos jogos na família.
    Os jogos de azar causam destruições irreparáveis no ambiente familiar. O jogo vicia e escraviza a ponto de migrar todos os recursos de uma família para o pagamento de dívidas contraídas pelo jogador. Nele, o benefício de um depende diretamente do prejuízo do outro e, normalmente, são as pessoas de baixa renda que sustentam a jogatina. Esses jogos fomentam a preguiça, a corrupção, a marginalidade, a agiotagem, a violência e a criminalidade. Os jogadores compulsivos descem ao nível mais baixo para continuar alimentando o vício da jogatina. Em muitos casos tais jogadores perdem seus empregos, o respeito de seus amigos e até o amor de suas famílias. As Escrituras nos advertem a zelar pela família (1ªTm 3.4,5) e não cair em armadilhas, pois “um abismo chama outro abismo” (Sl 42.7).
  3. As consequências para a saúde.
    Os jogos de azar, assim como o álcool, o cigarro e as demais drogas causam dependência psíquica e química respectivamente. Em 1992, a OMS concluiu que jogar os jogos de azar faz mal a saúde, incluindo o jogo compulsivo no Código Internacional de Doenças (CID). Quando em crise de abstinência, o jogador sofre com tremores, náuseas, depressão e graves problemas cardíacos. Cerca de 80% dos viciados em jogos de azar relatam algum tipo de ideação suicida como uma forma de fugir da vergonha moral e de suas dívidas. Tal como outros viciados, os jogadores compulsivos tendem ao desenvolvimento de doenças psiquiátricas. Maltratar o próprio corpo é insensatez e afronta contra o dom da vida outorgado por Deus (1ªSm 2.6; Ef 5.29,30).

III. VIVAMOS UMA VIDA SÓBRIA, HONESTA E FIEL A DEUS


A vitória do cristão contra os vícios e os jogos de azar engloba a sobriedade, a honestidade e a fidelidade ao autor da vida.

  1. A bênção da sobriedade.
    A expressão grega nephálios refere-se à sobriedade em relação ao consumo de bebidas alcoólicas. O dicionário indica que, ao contrário de embriagado, a palavra se aplica a pessoa que está esperta, consciente e capacitada a discernir. O termo também é usado para identificar a vida equilibrada. Trata-se da virtude do que controla as paixões da carne (Gl 5.24). Desse a sobriedade abrange o comportamento moderado, a mente sã, o bom juízo e a prudência (Rm 12.3; 1ªTm 1.5; 2ªTm 1.7). A orientação bíblica é de abstinência de toda a imundícia, inclusive a dos vícios e a dos jogos de azar (Tt 2.12). Observemos a exortação do apóstolo quanto ao vinho (Ef 5.18).
  2. Honestidade e fidelidade.
    Uma pessoa honesta não explora o seu próximo, mas conduz seus negócios temendo no Senhor (Sl 112.1-5). Não retira seu sustento da jogatina à custa de quem perde dinheiro nos jogos de azar, enganando-o e defraudando-o (1ªTs 4.6). O verdadeiro cristão não busca amparo na sorte, mas provê a si e sua família por meio do trabalho honesto, com o “suor do rosto” (Gn 3.19). A fidelidade do cristão é com a Palavra de Deus. Mesmo que alguns vícios e jogos de azar sejam lícitos pelas leis do Estado, o salvo em Jesus não se permite contaminar. Os ensinos e os princípios bíblicos devem pautar a vida dos que são fiéis ao Senhor (Sl 119.105).

CONCLUSÃO


Os vícios e os jogos de azar, legais ou ilegais, são práticas reprováveis e prejudiciais à sociedade. Os vícios escravizam e destroem as vidas e as famílias. De igual modo o fazem os jogos de azar. Portanto, o cristão deve abster-se da prática de qualquer vício, dedicando-se ao trabalho honesto para o sustento de sua casa. Cabe ao salvo resistir ao pecado e não se deixar dominar por coisa alguma (1ªCo 6.12).

OMS classifica vício em jogos eletrônicos como doença

Vício Virtual

A classificação do transtorno dos jogos eletrônicos como uma doença pela OMS levanta o alerta sobre as consequências físicas e emocionais do tempo excessivo gasto em games, principalmente entre os jovens.

Por Paulo Sérgio Fernandes

Um jogo de raciocínio, cujo objetivo é enfileirar docinhos da mesma cor, tornou-se nos últimos anos um dos maiores fenômenos da indústria de games, inclusive entre adultos. O poder viciante desse aparentemente inofensivo quebra-cabeça virtual virou piada na internet, com memes bem-humorados sobre como parar de jogá-lo. Na vida real, porém, o assunto está longe de ser engraçado para muita gente.

No começo do ano, o músico David*, 36 anos, se separou da esposa por causa do tempo que passava jogando diversos games. “Ela confessou que muitas vezes saía do trabalho sem nenhuma vontade de voltar para casa porque sabia que ia me encontrar grudado no computador ou no celular”, conta ele, que ficava entre sete e oito horas diárias jogando, principalmente de madrugada.

No dia 18 de junho deste ano, o problema de David entrou oficialmente no rol de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificado como gaming disorder (transtorno dos jogos eletrônicos, em português). Trata-se, segundo a OMS, de um padrão de comportamento que prejudica a capacidade de controlar a prática dos games, de modo a priorizá-los em detrimento de outras atividades e interesses. A expectativa dos especialistas é que o reconhecimento do vício em games como um distúrbio mental resulte em medidas relevantes de prevenção e tratamento. “A classificação dá legitimidade ao problema, que deverá ter aquelas características determinadas para ser diagnosticado como transtorno dos jogos eletrônicos”, explica o Dr. Aderbal Vieira Junior, psiquiatra e coordenador do Ambulatório de Dependências do Comportamento da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

David identifica que seu descontrole em relação aos games começou em 2009 e foi agravado com o boom dos jogos para smartphones, que passaram a fazer frente aos aparelhos de videogame caseiros. “Em uma semana, cheguei a jogar um game de adivinhação de músicas com 180 pessoas diferentes na rede”, conta, acrescentando que os danos não se limitam à sua vida pessoal. “Muitas vezes estou no palco tocando, mas já pensando que, após o show, poderei ir para o meu carro, carregar o celular e jogar, antes mesmo de voltar para casa.”

Para o músico, o jogo que mais lhe causou prejuízo foi o game que os usuários montam seus times de futebol com jogadores conhecidos e pontuam de acordo com o desempenho real deles no Campeonato Brasileiro. Seu envolvimento foi tão grande que ele criou um site para dar dicas aos fãs do game. “Em casa, dizia que aquilo era um trabalho e que ia dar dinheiro. Mas era só uma desculpa. O dinheiro não era o mais importante, assim como ganhar ou perder também não. Para um viciado, jogar é o mais importante.”

DIA E NOITE NA FUNÇÃO

Assim como em casos de dependência química ou de vício em jogos não eletrônicos, a gaming disorder provoca uma sensação de perda de liberdade, já que a pessoa não joga porque quer, mas porque se sente na obrigação de fazê-lo, mesmo com os danos causados à vida familiar, social e profissional. Dentro do universo virtual, há ainda outro complicador: o envolvimento de pessoas mais jovens, que têm uma capacidade crítica menor e acabam trocando a vida social pela online com naturalidade, já que cresceram na era dos smartphones. “Tenho atendido jovens que não aceitam que têm um problema, que não veem mal em ficar jogando por horas”, afirma o Dr. Aderbal.

O especialista alerta que muitos adolescentes passam madrugadas inteiras participando de jogos de campanha (quando o jogador finaliza ou “zera” a história de um jogo), que duram dias. No exterior, disputas desse tipo já provocaram a morte de pessoas por trombose ou por esgotamento decorrente da falta de alimentação. “Houve o caso de um jovem aqui no Brasil que começou a usar fralda para não precisar ir ao banheiro e interromper o jogo”, revela o Dr. Aderbal.

O Dr. Adriano Segal, psiquiatra do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, aponta a obesidade, a inatividade física e problemas posturais como prejuízos frequentes para a saúde do jogador compulsivo. “As consequências mais graves, no entanto, até pela facilidade de acesso aos jogos atualmente, se refletem na ausência de vida afetiva, social e até profissional”, reforça.

RAIZ DO PROBLEMA

David conta que, durante oito anos, fez terapia para tratar uma compulsão sexual, além de identificar certo nível de depressão. “O que eu enxergo hoje é que acabei trocando uma compulsão por outra.” O Dr. Aderbal confirma a associação entre o comportamento compulsivo e outros transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade. “O mais difícil é identificar o que vem antes: se a depressão é consequência da dependência ou se a pessoa vai buscar nesse comportamento uma forma de aliviar seu mal-estar.”

Como a maioria dos casos de transtorno por games envolve adolescentes, é preciso que a família esteja atenta aos sinais manifestados. Havendo a suspeita, os pais devem conversar com o filho no sentido de promover mudanças em seu comportamento, principalmente quando o abuso ainda for leve. “Os pais geralmente não têm familiaridade com esse universo dos games e o filho passa a viver num mundo à parte. Muitas vezes há a ilusão de que aquilo é positivo, pois, enquanto o filho está trancado no quarto, também está longe das drogas ou de confusões fora de casa”, reforça o psiquiatra.

Para o Dr. Adriano, a ajuda profissional deve ser procurada quando a negociação com o adolescente em casa não for bem-sucedida. “O tratamento deve contemplar o mapeamento da gravidade do quadro e a tentativa de reduzir o vício”, diz. Como ainda há poucos estudos a respeito do problema, não há evidência científica suficiente de que a medicação deva ser aplicada, ficando limitada ao tratamento das comorbidades (doenças associadas ao transtorno, como depressão e ansiedade).

No caso de David, o afastamento da esposa fez o músico tomar a decisão de procurar ajuda. Além do acompanhamento de um psiquiatra, ele frequenta há três meses as reuniões semanais do Jogadores Anônimos (JA), em Mauá, na Grande São Paulo. Lá, ele é o único caso de dependência de games. “No JA, ainda estou no primeiro passo, que é admitir que eu não posso com o jogo, que isso é uma doença”, diz. Após o início do tratamento, David retomou o casamento, mas ainda joga futebol na internet praticamente todos os dias. Das cinco horas que passava jogando, “antes de fazer qualquer coisa”, hoje fica no máximo uma hora depois de acordar, ciente de que o radicalismo é receita quase certa para uma recaída. “Sei que é um vício e que não consigo jogar só por prazer, mas entendo que preciso me afastar aos poucos.”

Principais sinais

Como o comportamento de dependência dos games ou de qualquer outro jogo está associado ao prazer proporcionado por sua prática, o jogador dificilmente relatará sintomas de um possível problema. É preciso que as pessoas que convivem com ele fiquem atentas a certas características manifestadas por um jogador compulsivo. São elas:

  • Jogar mais tempo que o razoável, com prejuízo de outras atividades e de interação social
  • Problemas no rendimento escolar ou profissional
  • Diminuição no tempo de sono
  • Aumento dos conflitos familiares
  • Irritação quando fica afastado do jogo (sinal de abstinência)

Lidando com o problema

A intervenção de familiares deve ser sempre baseada no bom senso, evitando a simples proibição da prática. “Isso só vai causar estresse. Se há uma dependência, o jogador vai acabar recorrendo ao computador ou celular”, alerta o Dr. Adriano Segal, psiquiatra do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “A ideia é que o jogador tente diminuir a dose do game e aumente o impacto positivo de outras atividades que foram preteridas no dia a dia, para que o jogo vá perdendo a importância afetiva.”

Dois erros comuns cometidos na relação com o jogador, de acordo com o psiquiatra, é fazer um julgamento moral ou compará-lo a um familiar, como o irmão, que não tem o problema. “Atitudes muito críticas não são efetivas. O caminho é trazer a maior quantidade possível de racionalidade para a questão, mostrando os prejuízos, como o afastamento dos amigos ou a queda nas notas escolares. E a partir daí promover a negociação para reduzir o tempo gasto no jogo.”

Menos provável, o jogador compulsivo pode sinalizar para as pessoas próximas que algo está errado com seu comportamento. “Se o gamer resolve impor um limite de 1 hora para jogar, por exemplo, e seguidamente não conseguir, tendo sempre que redefinir esse limite para cima, deve-se pedir ajuda em primeiro lugar para a família. Se não der certo, o caminho é procurar ajuda profissional”, acredita o Dr. Adriano.

*Nome fictício

https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/imprensa/noticias/oms-classifica-vicio-em-jogos-eletronicos-como-doenca-confira-sobre-o-assunto-na-reportagem-da-revista-leve

https://escola-ebd.com.br/licao-11-etica-crista-vicios-e-jogos/

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