China acusa Ocidente de usar o cristianismo para desestabilizar governo

Manifestantes vestidos de preto protestam diante da sede do governo central chinês em Hong Kong

HONG KONG (Reuters) – Milhares de manifestantes dirigiram-se neste domingo à sede do governo chinês em Hong Kong, enquanto a revolta contra um projeto de lei de extradição se transforma em um novo golpe ao que muitos veem como uma erosão mais ampla das liberdades por parte dos políticos de Pequim.

Milhões de pessoas se mobilizaram nos últimos dois meses, em uma demonstração de força sem precedentes contra a líder de Hong Kong, Carrie Lam, desencadeando a pior agitação social na antiga colônia britânica desde que ela voltou ao domínio chinês, 22 anos atrás.

1_2019_07_21t081340z_267764678_rc1c5fec6aa0_rtrmadp_3_hongkong_extradition-428446

Milhares fazem protesto em Hong Kong (Foto: REUTERS/Tyrone Siu)

Ativistas vestidos de preto, muitos deles com máscaras, desafiaram as ordens da polícia e marcharam além do fim oficial da manifestação, para se dirigirem ao prédio do governo central de Pequim, próximo ao coração do centro financeiro.

Questionado se os manifestantes tentariam forçar a entrada ao prédio, um homem de 30 anos, vestido de preto dos pés à cabeça, disse: “não”, enquanto imitava uma ação de cortar a garganta.

“Isso seria a morte de Hong Kong”, acrescentou.

A polícia de Hong Kong disparou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes em cenas caóticas no fim deste domingo, após a violência ter emergido quando manifestantes mais radicais entraram em conflito com a polícia.

Os ativistas picharam maciços pilares de concreto com as palavras “Restaurar Hong Kong, Revolução do Tempo”.

O protesto deste domingo, que decorreu pacificamente enquanto corria pela longa rota mandatada pela polícia, é o mais recente de uma série de manifestações que mergulharam a cidade governada pela China em crise política.

Alguns seguravam faixas que diziam: “Mentirosa” e “Nenhuma desculpa Carrie Lame”. Um cartaz colado em um poste de luz pedia uma “Investigação sobre a brutalidade policial”.

O Partido Comunista da China (PCC) desconfia tradicionalmente de qualquer organização rival suscetível de ameaçar sua autoridade – e as religiões estão entre elas

Uma autoridade chinesa acusou as “forças ocidentais” de utilizar o cristianismo para provocar instabilidade no país e, inclusive, “derrubar” o regime.

“As forças ocidentais anti chinesas tentam perturbar a estabilidade social de nosso país e, inclusive, derrubar o poder político por meio do cristianismo”, declarou Xu Xiaohng, presidente do Movimento Patriótico protestante.

Esta associação é um dos cinco organismos estatais aos quais devem ser filiados obrigatoriamente as religiões reconhecidas na China (protestantismo, catolicismo, budismo, taoismo e islamismo), para evitar qualquer influência estrangeira.

O Partido Comunista da China (PCC) desconfia tradicionalmente de qualquer organização rival suscetível de ameaçar sua autoridade.

As religiões fazem parte destas organizações e são muito vigiadas.

“Apoiamos fortemente o país para que leve à justiça as poucas ovelhas negras que utilizam a bandeira do protestantismo para participar na subversão da segurança nacional”, declarou Xu na câmara consultiva do Parlamento chinês, que celebra sua sessão anual em Pequim.

As pequenas igrejas protestantes não declaradas, cujos integrantes se reúnem em apartamentos ou locais públicos, floresceram nos últimos anos na China. Mas, assim como o conjunto das religiões, sofrem uma crescente repressão desde a chegada à presidência de Xi Jinping em 2012.

Desde então, as forças de segurança fecharam locais de culto, detiveram líderes religiosos ou desmontaram cruzes que consideravam muito ostentosas.

O PCC acentuou desde o ano passado uma campanha para dar um tom chinês às religiões com o objetivo de erradicar qualquer influência estrangeira.

“Seguir na via de ‘chinificação’ do protestantismo é a ardente esperança do Partido e do governo. É uma decisão inevitável para o desenvolvimento saudável da igreja chinesa”, afirmou Xu Xiaohong.

“É necessário eliminar sem cessar a marca da ‘religião estrangeira” associada ao cristianismo chinês”, insistiu.

Na semana passada, em Hong Kong, o embaixador dos Estados Unidos para a liberdade religiosa, Sam Brownback, acusou a China de desenvolver uma “guerra religiosa (…) que não pode vencer”.

O governo chinês reagiu com um pedido para que Washington “pare de utilizar a religião para interferir nos assuntos internos da China”.

Na segunda-feira, Brownback respondeu em Taiwan que a China tem centenas de fiéis desaparecidos em consequência de sua fé.

https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2019/03/12/interna_internacional,1037182/china-acusa-ocidente-de-usar-cristianismo-para-desestabilizar-governo.shtml

Uma resposta para China acusa Ocidente de usar o cristianismo para desestabilizar governo

  1. Segue abaixo, uma outra reportagem associado a postagem acima.

    China acusa Ocidente de utilizar cristianismo para desestabilizar governo

    Uma autoridade chinesa acusou as “forças ocidentais” de utilizar o cristianismo para provocar instabilidade no país e, inclusive, “derrubar” o regime.

    “As forças ocidentais antichinesas tentam perturbar a estabilidade social de nosso país e, inclusive, derrubar o poder político por meio do cristianismo”, declarou Xu Xiaohng, presidente do Movimento Patriótico protestante.

    Esta associação é um dos cinco organismos estatais aos quais devem ser filiados obrigatoriamente as religiões reconhecidas na China (protestantismo, catolicismo, budismo, taoismo e islamismo), para evitar qualquer influência estrangeira.

    O Partido Comunista da China (PCC) desconfia tradicionalmente de qualquer organização rival suscetível de ameaçar sua autoridade.

    As religiões fazem parte destas organizações e são muito vigiadas.

    “Apoiamos fortemente o país para que leve à justiça as poucas ovelhas negras que utilizam a bandeira do protestantismo para participar na subversão da segurança nacional”, declarou Xu na câmara consultiva do Parlamento chinês, que celebra sua sessão anual em Pequim.

    As pequenas igrejas protestantes não declaradas, cujos integrantes se reúnem em apartamentos ou locais públicos, floresceram nos últimos anos na China. Mas, assim como o conjunto das religiões, sofrem uma crescente repressão desde a chegada à presidência de Xi Jinping em 2012.

    Desde então, as forças de segurança fecharam locais de culto, detiveram líderes religiosos ou desmontaram cruzes que consideravam muito ostentosas.

    O PCC acentuou desde o ano passado uma campanha para dar um tom chinês às religiões com o objetivo de erradicar qualquer influência estrangeira.

    “Seguir na via de ‘chinificação’ do protestantismo é a ardente esperança do Partido e do governo. É uma decisão inevitável para o desenvolvimento saudável da igreja chinesa”, afirmou Xu Xiaohong.

    “É necessário eliminar sem cessar a marca da ‘religião estrangeira” associada ao cristianismo chinês”, insistiu.

    Na semana passada, em Hong Kong, o embaixador dos Estados Unidos para a liberdade religiosa, Sam Brownback, acusou a China de desenvolver uma “guerra religiosa (…) que não pode vencer”.

    O governo chinês reagiu com um pedido para que Washington “pare de utilizar a religião para interferir nos assuntos internos da China”.

    Na segunda-feira, Brownback respondeu em Taiwan que a China tem centenas de fiéis desaparecidos em consequência de sua fé.

    * AFP

    http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2019/03/china-acusa-ocidente-de-utilizar-cristianismo-para-desestabilizar-governo-10821038.html

    Curtir

Deixe um comentário