A TRADUÇÃO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA

João Ferreira de Almeida: (Torre de Tavares, Portugal, 1628 — Java, Indonésia, 1691)

Foi uma importante personalidade do protestantismo português, especialmente conhecido por ter traduzido a Bíblia para a língua portuguesa.

Anos iniciais

Filho de pais católicos, João Ferreira de Almeida nasceu na localidade de Torre de Tavares, concelho de Mangualde, em Portugal. Ficou órfão ainda em criança e veio a ser criado na cidade de Lisboa por um tio que era membro de uma ordem religiosa. Pouco se sabe sobre a infância e início da adolescência de Almeida, mas afirma-se que teria recebido uma excelente educação visando a sua entrada no sacerdócio. Não se sabe o que teria levado Almeida a sair de Portugal mas talvez isso se devesse à forte influência exercida pela Inquisição em Portugal. Viajou para a Holanda e, aos 14 anos, embarcou para a Ásia, passando pela Batavia (actual Jacarta), na ilha de Java, Indonésia. Naquela época, a Batávia era o centro administrativo da Companhia Holandesa das Índias Orientais, no sudeste da Ásia.

Conversão ao protestantismo

Ao velejar entre Batávia e Malaca, na Malásia, Almeida, aos 14 anos de idade, leu um folheto protestante, em espanhol, intitulado “Diferencias de la Cristandad” (Diferenças da Cristandade). Este panfleto atacava algumas das doutrinas e conceitos católicos, incluindo a utilização de línguas incompreensíveis para o povo comum, tal como o latim, durante os ofícios religiosos. Isto provocou um grande impacto em Almeida sendo que, ao chegar a Malaca, converteu-se à Igreja Reformada Holandesa, em 1642, e dedicou-se imediatamente à tradução de trechos dos Evangelhos, do castelhano para o português.

Tradutor da Bíblia

Dois anos mais tarde, João Ferreira de Almeida lançou-se num enorme projecto: a tradução do Novo Testamento para o português usando como base parte dos Evangelhos e das Cartas do Novo Testamento em espanhol da tradução de Reyna Valera, 1569. Almeida usou também como fontes nessa tradução as versões: Latina (de Beza), Francesa (Genebra, 1588) e Italiana (Diodati, 1641) – todas elas traduzidas do grego e do hebraico. O trabalho foi concluído em menos de um ano quando Almeida tinha apenas 16 anos de idade. Apesar da sua juventude, enviou uma cópia do texto ao governador geral holandês, em Batávia. Crê-se que a cópia teria sido enviada para Amesterdão mas que o responsável pela publicação do texto faleceu resultando no desaparecimento do trabalho de Almeida. Em 1651, ao lhe ser solicitada uma cópia da sua tradução para a Igreja Reformada na ilha de Ceilão, (actual Sri Lanka), Almeida descobriu que o original havia desaparecido. Lançando-se de novo ao trabalho, partindo de uma cópia ou rascunhos anteriores do seu trabalho, Almeida concluiu no ano seguinte uma versão revista dos Evangelhos e do livro de Actos dos Apóstolos. Em 1654, completou todo o Novo Testamento mas, uma vez mais, nada foi feito para imprimir a tradução, sendo realizadas apenas algumas poucas cópias manuscritas.

Almeida entrou no ministério da Igreja Reformada Holandesa, primeiramente como “visitador de doentes” e, em seguida, como “pastor suplente”. Em 1656, foi submetido a exame em matérias teológicas e, tendo sido aprovado, foi ordenado para o ministério pastoral e missionário. Serviu primeiro em Ceilão e depois na Índia, sendo considerado um dos primeiros missionários protestantes a visitar aquele país. Visto que servia como missionário convertido, ao serviço de um país estrangeiro, e ainda devido à exposição directa do que considerava ser doutrinas falsas da Igreja Católica, bem como à denúncia de corrupção moral entre o clero, muitos entre as comunidades de língua portuguesa passaram a considerará-lo apóstata e traidor. Esses confrontos resultaram num julgamento por um tribunal da Inquisição em Goa, Índia, em 1661, sendo sentenciado à morte por heresia. O governador geral da Holanda chamou-o de volta a Batávia, evitando assim a consumação da sentença.

Em 1676, Almeida apresentou o seu trabalho de tradução do Novo Testamento ao consistório da Igreja Reformada em Batávia, para revisão. As relações entre Almeida e os revisores da tradução ficaram tensas, especialmente devido a diferenças de opinião sobre o significado de algumas palavras e sobre o estilo do português usado. Isto resultou em grandes demoras no trabalho de revisão, sendo que quatro anos depois ainda se discutiam os capítulos iniciais do Evangelho de Lucas. Almeida decidiu assim, sem o conhecimento dos revisores, enviar uma cópia para a Holanda visando a sua publicação. Apesar da reacção negativa do consistório em Java, a versão em português do Novo Testamento foi finalmente impressa em Amesterdão, em 1681, tendo as cópias chegado à Ásia no ano seguinte. No entanto, os revisores conseguiram fazer valer a sua posição, introduzindo alterações ao trabalho de Almeida. O governo holandês concordou com a insatisfação de Almeida e mandou destruir toda a primeira impressão. Ainda assim, Almeida conseguiu salvar algumas cópias sob a condição de que, até nova impressão, os erros principais fossem corrigidos à mão.

Os revisores em Batávia reuniram-se novamente para completar a verificação do Novo Testamento e avançar para o Velho Testamento à medida que Almeida o fosse completando. Em 1689, já com a saúde bastante abalada, Almeida deixou o trabalho missionário para se dedicar em pleno ao trabalho de tradução. Veio a morrer em 1691 enquanto traduzia o último capítulo de Ezequiel. Coube ao seu amigo Jacobus op den Akker completar a tradução em 1694.

Tradução após a morte de Almeida

A segunda edição do Novo Testamento em português, revista pouco antes da morte de Almeida, veio a ser publicada em 1693. No entanto, alguns historiadores afirmam que, uma vez mais, esta segunda edição foi desfigurada pela mão dos revisores. Perdendo-se a motivação para a continuação do trabalho de tradução da Bíblia para o português na Ásia, foi a pedido dos missionários dinamarqueses em Tranquebar, no sul da Índia e então parte da Índia Dinamarquesa, que uma sociedade inglesa, a Society for Promoting Christian Knowledge, em Londres, financiou a terceira edição do Novo Testamento de Almeida, em 1711. Durante o Século XIX, a British and Foreign Bible Society e a American Bible Society distribuíram milhares de exemplares da versão de Almeida em Portugal e nas principais cidades do Brasil. Isto resultou em tornar a Tradução João Ferreira de Almeida um dos textos mais populares das Escrituras em língua portuguesa, sendo especialmente usada pelos evangélicos lusófonos.

Atualmente é editada no Brasil principalmente pela Sociedade Bíblica do Brasil e pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil

MINISTÉRIO CACP – ESTE ARTIGO É UM TRABALHO COMPILADO

Confira os dados completos na marca obtida pela Sociedade Bíblica do Brasil nos quadros a seguir:

SBB2014

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3 respostas para A TRADUÇÃO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA

  1. rfbarbosa1963 disse:

    Distribuição de Escrituras cresce 9,2% em 2014

    Marca obtida pela Sociedade Bíblica do Brasil se deve especialmente ao aumento da distribuição de folhetos com mensagens bíblicas. O total de Escrituras distribuídas ultrapassou os 289 milhões de exemplares.

    Em seu empenho de tornar a Palavra de Deus acessível a todas as pessoas, a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) alcançou em 2014 a marca de 289.605.467 Escrituras distribuídas. O aumento corresponde a mais de 9,2% em relação ao ano anterior. Neste total, estão incluídos Bíblias, Novos Testamentos, livretos e folhetos bíblicos, entre outras publicações. As obras em formato digital, já incluídas nesta compilação, responderam por 337.539 publicações, sendo que, dessas, 329.752 foram Bíblias completas.

    Este novo recorde se deve especialmente ao crescimento da distribuição de folhetos bíblicos (mais de 9,7%), com 277.970.900 exemplares. “Este número demonstra que o brasileiro gosta de ler pequenos trechos da Bíblia. E isso acaba estimulando-o a ler cada vez mais o Livro Sagrado”, avalia o diretor executivo da SBB, Rudi Zimmer, ponderando que os folhetos bíblicos fomentam o hábito da leitura e propiciam a formação de novos leitores.

    Destaca-se também a doação de Escrituras, que alcançou 900.489exemplares, além de mais de 2,3 milhões de folhetos bíblicos e a venda de Escrituras a preços subsidiados. “O número de Bíblias completas distribuídas ficou em patamares similares aos de 2013, com 7.612.438 exemplares”, analisa Zimmer, informando que em 2013 foram distribuídas 7.910.360 Bíblias.

    De acordo com ele, os resultados de 2014 são fruto de uma série de fatores, além do trabalho social, voltado a populações em situação de vulnerabilidade e risco social. “A SBB tem se esforçado em desenvolver Escrituras para os diferentes segmentos da população, de forma a tornar a Bíblia relevante para a vida das pessoas. Também são oferecidos programas de incentivo à leitura da Bíblia, que despertam não só novos leitores mas também promovem o engajamento dos cristãos com o Livro Sagrado”, destaca.

    O crescimento se deve também a outros fatores, como o forte relacionamento com as igrejas: a SBB foi criada pelas igrejas para servi-las em suas necessidades de Escrituras. “Estamos muito agradecidos por esses resultados, mas temos a consciência de que ainda é preciso fazer muito mais para que o Livro Sagrado seja o livro de cabeceira de todos os brasileiros”, sentencia Zimmer.

    Para dar respaldo a este crescimento, a SBB conta com um dos maiores parques gráficos do mundo destinados exclusivamente à produção de Bíblias e Novos Testamentos – a Gráfica da Bíblia, localizada em Barueri (SP) – e um Centro de Distribuição, em Itapevi (SP), além de 10 unidades regionais espalhadas pelas principais capitais do País. “Isto tem propiciado a capilaridade na distribuição de Escrituras, outra aliada nos nossos esforços para levar a Bíblia a todas as pessoas”, complementa Zimmer.

    A SBB – A Sociedade Bíblica do Brasil é uma entidade beneficente de assistência social, de finalidade filantrópica, educativa, cultural e de saúde. Sua finalidade é traduzir, produzir e distribuir a Bíblia Sagrada, um verdadeiro manual para a vida, que promove o desenvolvimento espiritual, cultural e social do ser humano, provocando, assim, a transformação daquele que com ela entra em contato. Para cumprir a missão de distribuir, de forma relevante, a Bíblia a todas as pessoas desenvolve programas de assistência social em todo o País. Fundada em 1948, construiu sua trajetória com base na missão de promover a difusão da Bíblia e sua mensagem como instrumento de transformação e desenvolvimento integral do ser humano”.

    A SBB faz parte das Sociedades Bíblicas Unidas (SBU), uma aliança mundial fundada em 1946 com o objetivo de facilitar o processo de tradução, produção e distribuição das Escrituras Sagradas por meio de estratégias de cooperação mútua. As SBU congregam 146 Sociedades Bíblicas, atuantes em mais de 200 países e territórios. Essas entidades são orientadas pela missão de promover a maior distribuição possível de Bíblias, numa linguagem que as pessoas possam compreender e a um preço que possam pagar.

    http://www.cristianismohoje.com.br/noticias/distribuicao-cresce-9-2

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