A CONQUISTA DIVINA – O Ser Negligenciado

Jo 14:26“O consolador, o Espírito Santo.”

       Ao negligenciar ou negar a divindade de Cristo os modernistas cometeram um trágico desatino, pois nada lhes fica senão um Cristo imperfeito, cuja morte foi mero martírio e cuja ressurreição é um mito.

       Mas, culposa como é a atitude do modernista ao negar a divindade de Cristo, nós que nos orgulhamos de nossa ortodoxia, não devemos permitir que a nossa indignação nos cegue para os nossos próprios defeitos. O nosso credo formal é firme; o rompimento está em nosso credo funcional.

       Esta não é uma distinção insignificante. Uma doutrina só tem valor prático na medida em que Ela é proeminente em nossos pensamentos e faz diferença em nossas vidas. Na maioria das igrejas cristãs, o Espírito é inteiramente deixado de lado. Se Ele está presente ou ausente, não faz real diferença para ninguém. Breve referência é feita a Ele na doxologia e na benção apostólica. Fora daí, Ele bem podia inexistir.

       A nossa negligência da doutrina da bendita Terceira Pessoa teve e está tendo várias consequências. O poder do Espírito não será dado a ninguém que dê fraco assentimento à verdade pneumatológica. O Espírito Santo não dá a mínima importância se o registramos entre os artigos do nosso credo na contracapa dos nossos hinários; Ele espera por nossa ênfase. Quando Ele fizer parte do pensamento dos mestres Ele fará parte da expectativa dos ouvintes. Quando o Espírito Santo deixar de ser incidental, e voltar a tornar-se fundamental, o poder do Espírito se firmará uma vez mais entre as pessoas chamadas cristãs.

       A experiência pessoal deve sempre vir primeiro na vida real. Uma criança pode comer alimento nutritivo sem nada saber de química ou dietético. Um rapaz da roça pode conhecer as delícias do amor puro, nunca tendo ouvido falar de Sigmund Freud ou de Havelock Ellis. O conhecimento vindo por intimidade é sempre melhor do que o mero conhecimento por descrição, e o primeiro não pressupõe o segundo nem o requer.

       Em religião, mais que em qualquer outro campo da experiência humana, sempre se deve fazer aguda distinção entre ter conhecimento acerca de e conhecer.

       Uma qualidade pertencente ao Espírito Santo, de grande interesse e importância para todo coração anelante, é a capacidade de penetração. Ele pode penetrar a matéria, como o corpo humano, por exemplo; Ele pode penetrar a mente; ele pode penetrar outro espírito, como o espírito humano, por exemplo. Ele pode realizar completa penetração do espírito humano e entremear-se realmente com este. Ele pode invadir o coração humano e prover ali um lugar para Si, sem expulsar nada que seja essencialmente humano. A integridade da personalidade humana permanece incólume. Somente o mal moral é forçado a retirar-se.

       Na experiência toda nós conservamos as nossas identidades pessoais. Não há destruição da substância. Cada qual continua sendo um ser separado como antes; a diferença é que agora o Espírito penetra e enche as nossas personalidades, e somos experimentalmente um com Deus.

       As pessoas da Divindade nunca agem separadamente. Não ousemos pensar nelas de molde a “dividir a substância”. Todo ato de Deus é realizado pelas três Pessoas. Deus nunca está presente nalgum lugar numa Pessoa sem as outras duas. Ele não pode dividir-se. Onde está o Espírito, ali também estão o Pai e o Filho. “Viremos para ele e faremos nele morada”. Para a realização de uma obra específica, uma Pessoa pode na ocasião ser mais proeminente do que as outras, mas nunca está só. Deus está completamente presente onde quer que esteja presente.

       É tempo de arrepender-nos, pois as nossas transgressões contra a bendita terceira Pessoa têm sido muitas e mui graves. Nós o temos maltratado amargamente na casa dos Seus amigos. Nós o crucificamos em seu próprio templo, como crucificaram o Filho Eterno no monte acima de Jerusalém. E os cravos que usamos não eram de ferro, mas da substância extremamente nobre e preciosa da qual é feita a vida humana. Dos nossos corações tomamos os refinados metais da vontade, dos sentimentos e do pensamento, e com eles modelamos os cravos da suspeição, da rebelião e da negligência. Com pensamentos indignos a respeito dEle e com atitudes inamistosas para com Ele nós O entristecemos e o apagamos dias sem conta.

       A melhor maneira de arrepender-nos da nossa negligencia é não negligenciá-lo mais. Comecemos a pensar nEle como Aquele que deve ser adorado e obedecido. Abramos todas as portas e convidemo-lo para entrar. Submetamos a Ele todas as salas do templo dos nossos corações e insistamos que Ele entre e ocupe, como Senhor e Mestre, o nosso interior, Sua habitação. E recordemos que Ele é atraído pelo doce nome de Jesus como as abelhas são atraídas pela flagrância do trevo. Onde Cristo é honrado, é certo que o Espírito se sente bem-vindo; onde Cristo é glorificado Ele se move com liberdade, com satisfação e à vontade.

A.W.TOZER

A Conquista Divina

Editora Mundo Cristão

A.W.Tozer

“A vida em que o Espírito habita não é uma edição de luxo do cristianismo que deve ser desfrutada por determinados cristãos extraordinários e privilegiados que, por acaso, são melhores e mais sensíveis do que o restante. Ao contrário, é o estado normal para todo o homem e mulher remido em todo o mundo”.

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