Não somos filhos da noite!

Não foram só Jesus e os discípulos que passaram em claro a noite de quinta para sexta-feira da primeira Semana Santa. Judas Iscariotes também não dormiu naquela noite. Embora não tenha participado de toda a longa reunião realizada no cenáculo e não tenha acompanhado Jesus ao Getsêmani, o apóstolo não foi para a cama. Logo após ter comido o pedaço de pão passado no molho, Judas se retirou do local. O Evangelho de João explica que o dia já havia escurecido (Jo 13.30). 

O que Judas fez naquela noite? Ele foi cumprir o acordo que fizera com os chefes dos sacerdotes e com os oficiais da guarda do templo (Lc 22.1-6). Foi apanhar o destacamento de soldados e guardas (“uma grande multidão”, segundo os Evangelhos sinóticos) armados de espadas e varas, para prender Jesus no Getsêmani (Jo 18.1-3). Enquanto os outros apóstolos participaram da parte final e mais emocionante da reunião do Cenáculo e acompanharam Jesus até o olival que havia do outro lado do vale de Cedrom, onde o Senhor experimentou uma tristeza e uma angústia mortal, Judas consumava a sua traição. 

Peca-se de dia e de noite. Mas, em geral, os crimes mais horrendos são cometidos sob a proteção da escuridão da noite. Daí o discurso de Jó: “Os olhos do adúltero ficam à espera do crepúsculo; ‘nenhum olho me verá’, pensa ele; e mantém oculto o seu rosto. No escuro os homens invadem casas, mas de dia se enclausuram; não querem saber da luz” (Jó 24.15-16). 

Uma das mais desastrosas realidades da igreja é a presença do joio no meio do trigo, problema sem solução até a vinda do Senhor. Esse drama é esclarecido nesta parábola de Jesus: “Certa noite, quando todos estavam dormindo, veio um inimigo, semeou no meio do trigo uma erva ruim, chamada joio, e depois foi embora” (Mt 13.25, NTLH). 

O casal em trânsito pela cidade de Gibeá, na tribo de Benjamin, foi advertido por um idoso a não passar a noite na praça. Para proteger o levita e sua mulher dos jovens perversos daquele lugar, o homem acabou hospedando-os em sua casa. Mesmo assim, os bissexuais de Gibeá cercaram a casa do hospedeiro e, não podendo abusar do levita, violentaram a mulher dele a noite toda, até deixá-la morta (Jz 19.22-28). 

A maior parte dos crimes cometidos sob a proteção das trevas ainda não veio à tona. É por tudo isso que o apóstolo Paulo exorta: “Deixemos de lado as obras das trevas e revistam-nos da armadura da luz” (Rm 13.12). Precisamos nos comportar com decência, “como quem age à luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja” (Rm 13.13). 

Em outra magistral passagem, Paulo é explícito: “Vocês todos [os crentes de Tessalônica] são filhos da luz, filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas” (1ªTs 5.5). 

Os crentes de hoje podem ser chamados “filhos da luz”?

“Se vocês segurarem as cordas eu descerei ao fundo do poço.”

William Carey

Ultimato Edição 309

novembro/dezembro 2007

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Uma resposta para Não somos filhos da noite!

  1. Shaunte Alley disse:

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