Caminhos que levam a adoração

Sl 39:3

“Esbraseou-se-me no peito o coração; enquanto eu meditava, ateou-se o fogo; então, disse eu com a própria língua…”

      Em cada geração e cultura, homens e mulheres têm basicamente buscado adorar enveredando-se por quatro caminhos. Permita-me mencioná-los a você. Essas quatro abordagens têm estado presentes em todas as gerações e culturas, assim como tem resistido ao passar do tempo.

O caminho da excelência humana

      Esse caminho para a adoração chega muito perto, mas, ao mesmo tempo, está muito longe dos requisitos de Deus. Essa adoração é linda em muitos sentidos e representa o que de melhor o homem tem a oferecer. Isso significa dar a Deus o que para nós é deleite, sem levar em conta o mandamento divino.

       Este caminho de excelência humana não é aceitável a Deus por uma série de razões. Sua premissa básica aqui é que Deus é desnecessário, e que, pelo esforço e devoção humanos, podemos atingir o padrão que Deus deseja de nós. Esse tipo de adoração apoia-se sobre uma concepção errônea em relação à natureza de Deus. Caim nasceu de Adão e Eva, pais caídos, por isso Caim nunca tinha ouvido a voz de Deus no Jardim. Quando Caim foi adorar a Deus, ele dirigiu-se ao Deus que havia criado em sua imaginação, pensando que ele seria aceito na condição em que se encontrava.

       Por outro lado, Abel trouxe um cordeiro a Deus, e Ele o aceitou. Quando Deus recusou a adoração de Caim, ele ficou furioso, saiu dali e, em uma crise de ciúmes, cometeu o primeiro assassinato. Caim não entendeu a distinção que Deus fez entre as duas ofertas. Ele resolveu assumir que sabia o que agradaria a Deus, mas acabou negligenciando totalmente a natureza de Deus.

       Esse tipo de adoração ainda é ofertado por nós hoje, até mesmo dentro do que chamamos de Igreja Cristã. Um homem pode ter tido uma boa educação e até obtido o diploma de um seminário. Ele pode ter aprendido a gesticular corretamente com suas mãos, e falar como um erudito. Ele pode ser um pregador autodidata e ter toda cultura que o mundo religioso oferece. Mas, se ele seguir da excelência humana para adorar, não importa quão linda a adoração possa ser, não será aceitável aos olhos de Deus.

        A adoração aceitável a Deus é feita de acordo com a natureza de Deus. Caim não sabia como Deus era, então pensou que o pecado não tinha importância para Ele. Isso foi um grande engano sobre a natureza de Deus.

       Esse caminho para a adoração assume um relacionamento com Deus que não existe na verdade. Caim Cria que ele pertencia a Deus e assumiu que poderia falar com Ele sem um intermediário. Caim falhou em compreender que ele tinha sido alienado por Deus em função do seu pecado. Portanto, ele nunca lidou com esse elemento, o pecado, que o estava separando de Deus. Ele agiu como se não houvesse tal separação e ignorou as implicações que aquela separação significava.

       Muitas pessoas religiosas assumem, erroneamente, um relacionamento com Deus, que na verdade não existe. Elas pensam e ensinam que somos todos filhos de Deus, e falam sobre o Deus e Pai da humanidade. Todavia, a Bíblia não ensina que Deus é o Pai da humanidade; na verdade, ela ensina justamente o contrário. Assumir um relacionamento que na verdade não existe proíbe a pessoa de verdadeiramente conhecer a  Deus.

       Outro aspecto sobre o caminho da excelência humana relaciona-se ao pecado. Por exemplo, Caim achava que o pecado não era tão sério quanto Deus acha. Vemos o pecado como algo irrelevante na nossa adoração a Deus. Todavia, o pecado é algo sério, e Deus nunca sorri para ele, nem mesmo olha para um coração em que haja pecado. Ele odeia o pecado, porque foi ele que encheu o mundo de dor e de tristeza. Mas muito mais importante do que isso é o fato de ele ter roubado o propósito do homem na vida, que é adorá-lo.

       Caim representa a excelência da conquista humana na área da adoração. Ele pensou que Deus fosse um Deus diferente do que Ele é. Ele também pensou que fosse um homem diferente do que Ele era e que o pecado fosse menos cruel e sério do que Deus havia dito que era. Por isso, ele veio alegremente trazer o que de melhor tinha e ofereceu adoração a Deus sem expiação.

O caminho da escuridão pagã

       Se Caim representa o melhor do homem, a adoração pagã representa o pior dele. Desrespeitando completamente a dignidade, o homem se sujeita aos elementos mais básicos da sua natureza e adora a criação, em vez de adorar o Criador. Eu precisaria escrever livros que preenchessem uma prateleira de 7,5 metros de altura, se fosse realmente fazê-lo, para explicar as implicações disso adequadamente. Se eu quisesse, poderia pesquisar sobre a adoração que os primeiros Egípcios ofereceram, o livro Egípcio dos mortos e os escritos de Zaratustra e Buda. Poderíamos defender uma tese sobre a adoração pagã.

       Creio que, se a Igreja Cristã ainda não cruzou essa linha, ela esta perigosamente perto de deslizar para dentro dessa adoração com orientação pagã, dando à criatura o que é do Criador por Direito. Permita-me explicar o que quero dizer. Nunca antes na história Cristã, a Igreja esteve tão atormentada por celebridades como hoje, especialmente dentro do departamento de música.

       Em um sábado à noite, uma “banda de louvor” apresentará um programa no centro da cidade. Após a primeira música, a audiência levanta e explode em aplausos e gritos. Para esconder sua trilha, o cantor principal diz: “Vamos oferecer uma salva de palmas a Deus”.

       Se você não acha que isso é bem assim, experimente fazer o seguinte. Pegue a letra da música que causou tanta comoção e entregue-a para um dos anciãos mais queridos da igreja no domingo. Certifique-se de entregá-la para um daqueles santos que tenham uma reputação de santidade impecável e caráter cristão que não possa ser contestado. Geralmente essa pessoa será um daqueles guerreiros de oração da igreja. Faça com aquela pessoa pegue a letra e que a leia do púlpito  calmamente para a congregação. Se ela não causar o mesmo efeito da noite anterior, talvez não tenha sido a verdade naquela letra que as pessoas estavam aplaudindo no sábado a noite, mas sim os músicos.

       O caminho da escuridão pagã para a adoração sempre espelha a cultura ao redor dele, em vez de espelhar o Cristo que está dentro de si.

O caminho da confusão herege

       Essa adoração herege é exatamente o que o termo significa. Um herege não é aquele que nega toda a verdade, mas sim aquela pessoa melindrosa que aceita o que gosta e rejeita o que não gosta. Ele até se interessa por certos aspectos da teologia, mas não aceita outros, porque não lhe são convenientes em um dado momento. São esses os aspectos da teologia aos quais me refiro.

       Os samaritanos dos dias de Jesus faziam esse tipo de adoração. Eles eram hereges no sentido mais puro da palavra, porque ser herege não significa ser falso. Um homem pode ser herege, apesar de não ensinar algo particularmente falso. Um herege não precisa necessariamente ensinar que a trindade não existe, ou que Deus não criou a Terra, ou que não haverá julgamento. Heresia é selecionar e rejeitar aspectos da verdade, ao associar psicologia, humanismo e várias outras religiões a ela. Toda religião baseia-se nesse procedimento.

       O Senhor rejeita este caminho de adoração em função de sua natureza seletiva, quando se escolhe o que se quer e que não atrapalhe nosso estilo de vida. Se a pessoa não gosta de alguma coisa, acha uma explicação para descartá-la e contínua em seu caminho como se o assunto fosse insignificante ou nem mesmo existisse.

       Os Samaritanos eram hereges, porque escolhiam certas partes da Bíblia, no Antigo Testamento. Eles tinham o Pentateuco e o aceitavam, mas rejeitavam certas partes sobre Davi, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, 1 e 2 Reis, Cantares de Salomão e outras partes das Escrituras. Eles até fizeram algumas traduções.

       Você pode traduzir e provar qualquer coisa. Tudo o que a pessoa precisa fazer é dizer: “Conheço Grego” ou “Conheço Hebraico” e, depois disso, pode fazer o que quiser. Ele ou ela é um perito auto-designado sobre o assunto. Cada religião ou culto falso é estabelecido ao selecionar passagens específicas das Escrituras e negligenciar outras. Ele ou ela não compara Escritura com Escritura, o que favorece a entrada da doutrina herege.

       Não creio que precise soletrar e escrever com tinta vermelha, para que você entenda quanta heresia existe por aí hoje em dia. As pessoas crêem naquilo que escolhem crer. Enfatizam aquilo que querem enfatizar. Seguem por um caminho ao rejeitar outro. Fazem uma coisa, mas se recusam a fazer outra. Nós nos tornamos hereges, quando pegamos a Palavra de Deus e escolhemos dela o que nos é conveniente em certo momento. Esse é o caminho da confusão herege.  

O caminho da sublimidade existencial

       Alguns confundem essa sublimidade, esse sentimento de êxtase, com adoração verdadeira, o que é um erro compreensível. Deus avisou a Israel que, quando eles chegassem à Terra Prometida e olhassem para cima, vendo o sol e as estrelas, não deveriam ajoelhar-se e adorá-los, porque, se o fizessem, Jeová iria destruí-los, expulsando-os da terra. O mundo está cheio desses adoradores. Sentimos muito prazer, quando a mente é que se concentra no belo, e não, os olhos ou ouvidos. Seus ouvidos podem ouvir a beleza da música, e seus olhos podem ver a beleza que é a arte, mas, se você tiver pensamentos bonitos a respeito da música e da arte, então terá poesia. Escrevemos sobre o que sentimos dentro de nós, e isso é poesia.

       É fácil confundir a música da religião como sendo verdadeira adoração, porque a música enleva a mente e empolga o coração. A música pode nos levar ao censo de êxtase. A música produz um efeito purificador em nós, e podemos atingir um estado mental elevado e de euforia tendo somente uma vaga noção de Deus e, assim, imaginar que o estamos adorando, quando na verdade não estamos fazendo nada disso. Estamos simplesmente apreciando um momento de êxtase, que Deus colocou dentro de nós, que nem mesmo o pecado conseguiu matar.

       As Escrituras nos dizem que: “Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”(Jo 4:24). A Palavra deve limpar todas as névoas de obscuridade. Ela tira adoração das mãos dos homens e a coloca nas mãos do Espírito Santo. Portanto, podemos ter tudo aquilo e, ainda assim, não estar adorando a Deus ou sequer sendo aceito por Ele.

       Podemos escolher qualquer caminho para a adoração, mas nem todos nos conduzirão aos pés do Senhor Jesus Cristo ou serão aceitos por Deus. Deus Todo-poderoso os rejeitará severamente e dirá: “Isso não me concerne”. Jesus, nosso Senhor disse: “Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores…” Quero que note o imperativo implícito nesta afirmação; a palavra “importa” desfaz toda névoa de obscuridade e tira a adoração das mãos do homem.

       É impossível oferecer adoração aceitável a Deus sem a mediação do Espírito Santo. A operação do Espírito Santo dentro de nós capacita a adorar a Deus de forma aceitável, através da pessoa que chamamos Jesus Cristo, que também é Deus. Portanto, a adoração origina-se em Deus, volta a nós e é refletida através de nós. Essa é a adoração que Deus aceita. Ele não recebe nenhuma outra.  

 BIBLIOGRAFIA

O PROPÓSITO DO HOMEM – IDEALIZADO PARA ADORAR

A.W.TOZER

EDITORA MOTIVAR

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Uma resposta para Caminhos que levam a adoração

  1. Shirley Costa disse:

    Gostei demais deste texto!

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