BIOGRAFIA E OBRA – Nikolaus Ludwig von Zinzendorf (1700-1760)

       Nasceu: 26 de maio de 1700, em Dresde, Alemanha. Faleceu: 9 de maio de 1760, em Herrnhut, (Saxônia), Alemanha. Sepultado: em Herrnhut, Saxônia, Alemanha.

       Nikolaus Ludwig Conde de Zinzendorf e Pottendorf nasceu numa família luterana em Dresde (Saxônia, Alemanha), como filho do ministro da antiga nobreza austríaca, Georg Ludwig Reichsgraf von Zinzendorf und Pottendorf (1662-1700). Após o falecimento do pai, Nikolaus foi educado por sua avó, Sra. von Gersdorf, em Grosshennersdorf. Esta conseguiu que o neto frequentasse (1710-1716) o Pedagogium de August Hermann Francke em Halle. Ali ele recebeu impressões decisivas a respeito do espírito missionário e ecumênico de Halle. Cedo tomou a decisão de dedicar sua vida a expansão do reino de Jesus e de melhoramento do mundo. De 1716-1719 ele estudou direito na universidade em Wittenberg. Ali tentou reunir jovens em círculos cristãos (Sozialitäten). Mas ele deixou o estudo acadêmico, com a idade de 19 anos, e de 1719-20 foi viajar através da Europa. Ele foi conhecer a Alemanha, Holanda, Bélgica e França, como era costume para um acadêmico aristocrata. Em Paris ele se tornou amigo do bispo e cardeal Louis Antoine Noailles (1651-1727), um homem de profunda piedade. O amor a Jesus, que ambos tiveram em comum, levou Zinzendorf a querer melhorar o catolicismo através da divulgação de hinos e meditações evangélicos. Em Düsseldorf viu um quadro de Cristo coroado de espinhos, pintado por Domínico Feto, com o título Ecce Homo, e com as palavras desafiadoras Tudo isto fiz por ti. O que fazes tu por mim? Esse quadro causou uma profunda impressão sobre o jovem conde, e reforçou a sua decisão de viver para Cristo.

       No ano de 1721 a avó o obrigou a assumir, na corte de August o Forte em Dresde, o cargo honorífico de Conselheiro da Justiça, a fim de que ele se preparasse para a carreira política. Ali ele era membro da Loja de Maçonaria de Dresde. Zinzendorf aproveitou o seu tempo livre para realizar reuniões particulares de edificação espiritual. Em 1722 ele casou com Erdmuthe Dorothea Baronesa de Reuss-Ebersdorf, com quem teve 12 filhos (dos quais somente 4 chegariam a idade adulta). Em maio do mesmo ano ele comprou de sua avó a propriedade Berthelsdorf (Oberlausitz, na Saxônia). Ali ele assentou (em junho de 1722) um grupo de refugiados religiosos da Morávia, os quais formaram a colônia Herrenhut. Nesta Zinzendorf achou, sem querer, a tarefa principal de sua vida.

       A liberdade religiosa que os morávios gozavam em Herrenhut atraiu outros pietistas perseguidos, que tiveram as mais diversas convicções. Zinzendorf conseguiu vencer as ideias radicais anti-eclesiásticas deles e, a partir de 1727, formar uma comunidade religiosa de cunho social, cujas características eram fraternidade cristã (assistência a cristãos reavivados e a minorias evangélicas ameaçadas) e espírito missionário (entre cristãos, pagãos e judeus). O próprio Zinzendorf era seu primeiro bispo. No mesmo ano de 1727 lhe nasceu seu filho Christian Renatus (1727-1752) que herdou do pai o dom de fazer versos e hinos. Ainda em 1727 Nikolaus Ludwig se licenciou de seu cargo público, e em 1732 foi dele despedido oficialmente. A partir de 1731 a comunidade de Herrenhut editou anualmente as Senhas Diárias (Losungen). Em 1732 enviou os dois primeiros missionário para a América. Em 1734 Zizendorf recebeu a ordenação como teólogo luterano, depois de ter feito o exame teológico em Stralsund.

       Nessa época, na Morávia, a igreja que se originara após a morte de John Huss, estava sendo grandemente perseguida. O conde mandou avisar que ser aqueles crentes quisessem, seriam acolhidos em suas terras, na Saxônia. Assim, muitos refugiados morávios conseguiram chegar lá e fundaram, em 1722, uma comunidade que existe até hoje, chamada Herrnurt(“sob o cuidado do Senhor” ou também, “montando guarda para o Senhor”). Lá eles se auto sustentavam. Aprenderam a viver como artesãos e desenvolveram um movimento de oração nas 24 horas do dia, nos sete dias da semana por 100anos. Pouco tempo depois aquela comunidade cristã, liderada por Zinzendorf, passou a ter um fortíssimo envolvimento missionário. Vários membros (principalmente jovens) começaram a se sentirem chamados para pregar em lugares distantes.

       Além do comprometimento com a oração, eles também eram extremamente comprometidos com a obra missionária. Reconheciam o chamado da Grande Comissão, sabiam que precisavam pregar o Evangelho aos que nada sabiam sobre o Evangelho, e entendiam que eram responsáveis por pregar o evangelho aos perdidos. Assim, no espaço de 20 anos, a igreja dos morávios enviou mais missionários pra o mundo do que todas as igrejas protestantes em 200 anos!

       Os irmãos morávios, dirigidos por Zinzendorf e outros líderes, enviaram missionários para: Ilhas Virgens(1732); Groenlândia(1733); Suriname(1735); África do Sul(1736); Jamaica (1750); Canadá(1771); Austrália(1850); Tibet(1856), entre outros longínquos lugares.

       Nos primeiros 100anos de atividade (de 1732 a 1832), os irmãos morávios obtiveram o impressionante número de 40 mil membros, 209 missionários e 41 centros de missões ao redor do mundo! Em 150 anos enviaram 2.158 missionários.

       Quando Zinzendorf era questionado sob o real motivo para tão expressivo e sacrificial movimento missionário, respondia: “estamos indo buscar para o Cordeiro o galardão do seu sacrifício”. Baseado em Isaías 53:11.

       Em 1736 ele foi exilado da Saxônia. No entanto, ele conseguiu fundar outras comunidades independentes em Marienborn (1736) e em Herrenhaag (1738) na região da Wetterau/Hessen. Ali ele pode desenvolver livremente as formas litúrgicas típicas de Herrnhut. Nos anos seguintes ele fez muitas viagens evangelísticas pela Europa, esteve na Inglaterra e nos Estados Unidos da América. No ano de 1747 recebeu licença para voltar a Saxônia. Em 1748 uma comissão da Igreja Territorial lhe atestou a concordância de Herrnhut com a Confissão de Augsburgo. E no ano seguinte ele conseguiu que a Comunidade de Herrnhut fosse reconhecida como Comunidade ligada a Igreja Territorial da Saxônia, com liberdade de expressão.

       De 1750-1755 Zinzendorf passou a maior parte do seu tempo em Londres, onde editou (em 1753) um hinário, que contém tesouros litúrgicos da Igreja Ortodoxa Grega. Em 1755 ele voltou para Berthelsdorf, desistiu de cargos de liderança e limitou-se ao atendimento espiritual. Após o falecimento de sua esposa (em 1756) Zinzendorf casou (1757) com Anmna Nitzschmann, uma colaboradora sua por muitos anos. Em 9 de maio de 1760 ele faleceu e foi sepultado em Herrnhut. Zinzendorf morreu aos 60 anos em Herrnhut, pastoreando até o fim de seus dias. Assim com o Senhor Jesus, foi obediente até a morte para cumprir as Escrituras. O líder morávio procurou seguir o exemplo do Filho de Deus.

       Com suas Singstunden, as Liturgias, Litanias e cerca de 2000 hinos Zinzendorf entendeu o canto como expressão da fé que forma comunhão e leva a emoção. Sempre que Zinzendorf reuniu sua comunidade, para cantando e orando, confessar sua fé, os versos jorravam de seus lábios com toda a naturalidade. Anunciando o amor do Salvador de um coração cheio de fervor, na sua boca as palavras logo se rimaram. A poesia era a expressão solene de suas emoções íntimas. O centro de seus hinos sempre era Jesus.

       Em nosso hinário quatro hinos são da autoria de Nikolaus L. von Zinzendorf:

       HPD nº 94 Corações em fé unidos = EG nº 108 Herz und Herz vereint zusammen; ( Christian Hearts, in Love United )

       A 1ª estrofe de HPD nº 115 Deus, teu Verbo, o dom precioso = EG nº 124 Herr, dein Wort, die edle Gabe, sendo a 2ª estrofe de àJoachim Neander;

       As 2ª-6ª estrofes de HPD nº 175 Justiça e sangue de Jesus = EG nº 154 Christi Blut und Gerechtigkeit,( Jesus, Thy Blood and Righteousness ), a 1ª estrofe já se encontrava 1638 em Leipzig;

       HPD nº 210 Guia-nos, Jesus, pela tua luz = EG nº 205 Jesu, geh voran auf der Lebensbahn (Jesus, Still Lead On), provavelmente o mais conhecido dos hinos de Zinzendorf.

-Portal Luteranos – Nikolaus Ludwig von Zinzendorf (1700-1760)

-Monergismo.com –“Ao Senhor pertence a Salvação” (Jonas 2:9)

-www.monergismo.com

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