Todo o mundo concorda que há algumas passagens difíceis na Bíblia. Os inimigos da Verdade gostam de vasculhar os versículos obscuros e apresentá-los como prova de que a Bíblia é um livro cheio de erros e contradições. Mestres de falsas doutrinas fazem uso deles para ensinarem ideias que não tem base bíblica. Convém que o verdadeiro cristão saiba como tratar as passagens difíceis.
Ao lermos as Escrituras visando o nosso próprio proveito espiritual, seria bom deixarmos passar os versículos difíceis. Por exemplo, o primeiro livro de Pedro contém 103 versículos de verdades que nos abençoam e que nos encorajam, com a finalidade de nos fortalecer e nos instruir. Ele também contem dois versículos, que são tais como Pedro disse a respeito de alguns dos textos de Paulo, “difíceis de entender” (2ªPe 3:16). Os que estiverem em busca de Deus concentrarão sua atenção nos 103 versículos os quais podem entender e esperarão até que a revelação venha sobre as passagens que acharam de difícil entendimento. Agir de outra forma é dar margem a que se suspeita de estarmos brincando com a Palavra de Deus, e de que a nossa satisfação é descobrir alguma coisa que abrande a nossa consciência.
As passagens de Pedro a que nos referimos são as seguintes: no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão (1ªPe 3:19), e, pois, para este fim, faz o evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam no espírito segundo Deus (1ªPe 4:6). Que estes versículos são difíceis de interpretar, nenhum humilde expositor bíblico negará. Pessoalmente creio ter uma explicação satisfatória, mas supondo-se que eu não a tenha e seja forçado a admitir que não sei o significado desses versículos, então o que devo fazer? Para responder a isso, vou dar aos meus leitores uma regra de interpretação que tem uma aplicação geral ao estudarmos a Palavra de Deus: se não sei o que uma passagem difícil quer dizer; devo ao menos saber o que ela não quer dizer.
É aqui que o falso mestre tira vantagem em cima do cristão. Suponhamos que o cristão admita não saber o sentido de um determinado versículo, então o falso mestre devidamente se apega a isso e tira o máximo proveito que pode apresentando outros falsos significados a seu ver. O grau de confiança com que ele fala chega a intimidar a alma mansa do cristão que acabou de admitir não entender o sentido do texto, e assim em seguida rende-se a direção daquele líder cego.
Tomemos uma ilustração caseira. Estou tentando identificar uma fruta que acabei de colher de uma árvore. Ela tem cor roxa, é oval, um grande caroço em seu interior, umas fibras por toda a sua superfície, a fragrância de uma rosa e o sabor de melancia. Eu coço a cabeça e admito que não sei que fruta é. Imediatamente, aparece alguém ávido por me ajudar e diz: “Se você não sabe que fruta é, posso ajudá-lo. É uma banana. Agora que lhe dei a luz, venha e siga-me. Sei de muitas outras coisas tão maravilhosas como esta.”
Mas eu não sou assim tão facilmente enganado. Minha resposta é: “Não meu amigo, não vou segui-lo. É verdade que não conheço esta fruta, mas com certeza sei o que ela não é. Ela não é uma banana.” Isso certamente vai me dar condições de me livrar desse pretensioso ajudador, especialmente se eu puder mostrar-lhe uma banana verdadeira para que ele faça a comparação.
Bem, o que tudo isso nos acrescenta? Simplesmente que o fato de eu não saber explicar uma passagem não me obriga a aceitar de qualquer um uma explicação que obviamente é enganosa. Eu não sei o que ela quer dizer, mas, com certeza, sei o que ela não quer dizer. Talvez eu não saiba, por exemplo, o que aqueles estranhos versículos significam quando falam de Cristo ter ido pregar aos espíritos em prisão. Mas sei que eles não estão afirmando que a salvação é universal, nem que há uma segunda chance para se salvar depois da morte, nem estão se referindo ao esvaziamento do inferno ou a sua abolição. A razão de não significar tais coisas é que essas doutrinas simplesmente não são ensinadas em toda a Verdade revelada, mas é exatamente o oposto que é ensinado abundante e livremente por toda a Bíblia.
Fiz uso de uma passagem das Escrituras não para enfatizá-la em particular, mas como um bom exemplo escolhido em meio a muitas outras passagens encontradas na Bíblia. A mesma regra se aplica a cada uma delas. Em conclusão, toda a Palavra fala com uma voz muito clara. Preste atenção a essa voz e os versículos obscuros não lhe perturbarão.
Quem tem ouvidos para ouvir ouça (Mt 11:15). O sábio vai compreender, mas sabemos que haverá quem continuará a dar ênfase a passagens obscuras. Tal pessoa tem em si um talento próprio para se desviar em questões doutrinárias, e nada do que eu disser a curará desse mal.
A.W.TOZER
Este mundo: Lugar de Lazer ou Campo de Batalha?
DANPREWAN – Editora
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