BIOGRAFIA – Jonathan Edwards

AVIVAMENTO NOS DIAS DE JONATHAN EDWARDS:

RELEVÂNCIA ATUAL

Alderi Souza de Matos 

O trabalho teológico de Edwards é muito abrangente, com sua defesa da teologia reformada, a metafísica do determinismo teológico, e a herança puritana. Edwards teve um papel fundamental na formação do primeiro Grande Despertar e supervisionou alguns dos primeiros fogos de avivamento em 1733-1735 na sua igreja em Northampton, Massachusetts. O sermão de Edwards “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado“, é considerado um clássico da literatura americana inicial, o que ele fez durante outra onda de renascimento em 1741, após a visita de George Whitefield as Treze Colônias. Edwards é amplamente conhecido por seus muitos livros: O fim para o qual Deus criou o mundo, A Vida de David Brainerd, que serviu para inspirar milhares de missionários de todo o século XIX, que muitos evangélicos reformados leem ainda hoje. Edwards morreu devido a uma inoculação contra a varíola, pouco após o início da presidência do Colégio de Nova Jersey (mais tarde a ser chamado Princeton University), e foi o avô de Aaron Burr.

Introdução

  • É hoje considerado pelos historiadores um dos maiores teólogos e pensadores da história dos Estados Unidos. Ele foi não somente um dos instrumentos do primeiro grande reavivamento ocorrido naquele país, mas o maior estudioso e intérprete desse fenômeno.
  • Através de vários livros que escreveu, ele analisou os eventos cuidadosamente, em seus diferentes aspectos. Em essência, Edwards apoiou alegremente o reavivamento, vendo nele a manifestação genuína do Espírito de Deus, mas também foi um crítico severo dos desvios, exageros e impropriedades que por vezes ocorreram. Uma de suas principais preocupações foi mostrar em seus escritos quais os critérios pelos quais se pode reconhecer a autenticidade de uma experiência religiosa dessa natureza.

Contexto Religioso

  • Quando Jonathan Edwards iniciou o seu ministério, a sua região, a Nova Inglaterra, já havia sido colonizada pelos ingleses há cem anos. Os colonizadores foram os famosos puritanos, calvinistas que lutaram por uma igreja mais pura no seu país de origem e que eventualmente foram para o Novo Mundo a fim de viverem sem impedimentos de acordo com as suas convicções.
  • Ao chegarem a Massachusetts, primeiro a Plymouth in 1620 e depois a Salem e Boston em 1629-30, eles procuraram edificar uma comunidade verdadeiramente cristã e uma igreja composta de pessoas convertidas e consagradas a Deus. Apesar de alguns problemas, e de certa intolerância para com outras pessoas e grupos que pensavam de maneira diferente, eles conseguiram realizar esse ideal por algum tempo.
  • Eventualmente, depois de um período inicial de sofrimentos e provações amargas, os colonos prosperaram materialmente na nova terra cheia de tantas oportunidades. No final do século XVII, a vida na Nova Inglaterra era em grande parte pacífica e confortável. A maioria das pessoas pertenciam à classe média e quase não havia pobreza. O nível educacional também era relativamente alto.
  • Todo esse progresso havia sido alcançado por causa dos valores religiosos e éticos dos puritanos, como o seu amor ao trabalho, sua disciplina de vida, sua rejeição de vícios e a preocupação em serem bons mordomos das bênçãos de Deus.
  • Porém, juntamente com a prosperidade material, ocorreu um declínio no fervor religioso entre as novas gerações. O cristianismo de muitos tornou-se meramente nominal; o mundanismo e a apatia espiritual tornaram-se generalizados. Além disso, novas ideologias vindas da Europa, o racionalismo e o iluminismo, com sua ênfase na razão e na capacidade humana, também estavam influenciando muitas pessoas.
  • Nesse ambiente desanimador, pastores e membros das igrejas oravam por um reavivamento das energias espirituais do povo de Deus. E isto ocorreu através do Grande Despertamento (1720s-40s), o primeiro evento da história norte-americana a atingir pessoas das diferentes colônias com um interesse religioso comum.

Jonathan Edwards

  • Precoce e piedoso desde a sua meninice, aos 12 anos ele escreveu a uma de suas irmãs: “Pela maravilhosa misericórdia e bondade de Deus, tem ocorrido neste lugar uma extraordinária atuação e derramamento do Espírito de Deus… tenho razões para pensar que isso diminuiu em certa medida, mas espero que não muito. Cerca de treze pessoas uniram-se à igreja num estado de plena comunhão.” Depois de dar os nomes dos convertidos, ele acrescentou: “Acho que muitas vezes mais de trinta pessoas se reunem às segundas-feiras para falar com o Pai acerca da condição das suas almas.”
  • Edwards obteve o seu grau de bacharel no Colégio de Yale em 1720, onde continuou seus estudos teológicos e trabalhou como professor assistente por algum tempo. Após um breve pastorado numa igreja presbiteriana de Nova York, em 1726, aos 23 anos de idade, ele foi auxiliar o seu avô, Salomão Stoddard, o famoso pastor da igreja de Northampton, Massachusetts.
  • No ano seguinte, Jonathan casou-se com Sarah Pierrepont, então com 17 anos de idade, filha de um pastor bem conhecido e bisneta do primeiro prefeito de Nova York. Os historiadores destacam a harmonia, amor e companheirismo que sempre caracterizou a vida do casal. Eles gostavam de andar a cavalo ao cair da tarde para poderem conversar e antes de se deitarem sempre tinham juntos os seus momentos devocionais.
  • Jonathan e Sarah tiveram 11 filhos, todos os quais chegaram à idade adulta, fato raro naqueles dias. Em 1900, um repórter identificou 1400 descendentes do casal Edwards. Entre eles houve 15 dirigentes de escolas superiores, 65 professores, 100 advogados, 66 médicos, 80 ocupantes de cargos públicos, inclusive 3 senadores e 3 governadores de estados, além de banqueiros, empresários e missionários.
  • Em 1729, com a morte do seu avô, Jonathan tornou-se o pastor titular da igreja de Northampton, na qual, através de sua poderosa pregação, ocorreu um grande avivamento cinco anos mais tarde (1734-35). O Grande Despertamento tivera os seus primórdios alguns anos anos entre os presbiterianos e reformados holandeses na Pensilvânia e Nova Jérsei, cresceu com as pregações de Edwards e atingiu o seu apogeu no ano de 1740, com o trabalho itinerante do grande avivalista inglês George Whitefield (1714-1770). [Sobre o avivamento entre os presbiterianos, ver o recente artigo do Rev. Frans L. Schalkwijk, “Aprendendo da História dos Avivamentos,” em Fides Reformata II-2.]
  • Em 1750, após 23 anos de pastorado, Jonathan Edwards foi despedido pela sua igreja, a razão principal sendo a sua insistência em que somente pessoas convertidas deviam participar da Ceia do Senhor, em contraste com a prática anterior do seu avô. No seu sermão de despedida, depois de advertir a igreja sobre as contendas que nela havia e os perigos que isto representava, ele concluiu: “Portanto, eu quero exortá-los sinceramente, para o seu próprio bem futuro, que tomem cuidado daqui em diante com o espírito contencioso. Se querem ver dias felizes, busquem a paz e empenhem-se por alcancá-la (1ª Pe 3:10-11). Que a recente contenda sobre os termos da comunhão cristã, por ter sido a maior, seja também a última. Agora que lhes prego o meu sermão de despedida, eu gostaria de dizer-lhes, como o apóstolo disse aos coríntios, em 2ª Co 13:11: “Quanto ao mais, irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco.”
  • No ano seguinte, Edwards foi para Stockbridge, uma região remota da colônia de Massachusetts, onde trabalhou como pastor e missionário entre os índios. Em 1757, a sua excelência como educador e sua fama como teólogo e filósofo fez com que ele fosse convidado para ser o presidente do Colégio de Nova Jérsei, a futura Universidade de Princeton. Um mês após a sua posse, Edwards faleceu devido a complicações resultantes de uma vacina contra varíola.

Jonathan Edwards e o Avivamento

  • A maior contribuição de Jonathan Edwards para a igreja evangélica está nos importantes livros que escreveu como teólogo e intérprete do avivamento. Curiosamente, sua obra mais conhecida é pouco representativa do seu pensamento como um todo. Trata-se do célebre sermão “Pecadores nas mãos de um Deus irado,” que ele pregou na cidade de Enfield em 1741. A ênfase maior dos seus escritos e sermões não está na ira de Deus, e sim na sua majestade, glória e graça.
  • Além de muitas conversões e santificação de vidas, o Grande Despertamento também aprofundou uma divisão entre os líderes que eram favoráveis ao avivamento e aqueles que não eram. O problema ficou mais sério quando, após a obra de pregadores sérios e equilibrados com Edwards e Whitefield, surgiram imitadores sensacionalistas que manipulavam emocionalmente as pessoas. O Dr. Lloyd-Jones diz que Edwards lutou em duas frentes: contra os adversários do avivamento e contra os extremistas; contra o perigo de extinguir o Espírito e contra o perigo de deixar-se levar pela carne e ser iludido por Satanás.
  • Nesse contexto, Edwards propos-se a defender o avivamento como obra do Espírito de Deus, ao mesmo tempo que combateu os excessos e desvios que muitas vezes ocorriam. Foi nesse sentido que ele escreveu vários livros de grande valor, o primeiro deles sendo a Narrativa Fiel da Surpreendente Obra de Deus (1736-37), em que descreveu o recente despertamento em sua cidade e regiões vizinhas. Alguns anos depois, ele escreveu Alguns Pensamentos sobre o Atual Reavivamento da Religião na Nova Inglaterra (1742), analizando o movimento mais amplo. Esta obra baseia-se parcialmente em algumas profundas experiências espirituais da sua esposa Sarah.
  • Em 1746, Edwards publicou a sua obra mais amadurecida sobre o assunto, o seu Tratado sobre as Afeições Religiosas (resultou de uma série de sermões sobre 1ª Pedro 1:8), no qual argumentou que o cristianismo verdadeiro não se evidencia pela quantidade ou intensidade das emoções religiosas, mas por um coração transformado que ama a Deus e busca o seu prazer. Ele faz uma análise rigorosa das diferenças entre a religiosidade carnal, que produz muita comoção, e verdadeira espiritualidade, que toca o coração com a visão da excelência de Deus e o liberta do egocentrismo.
  • Como bom calvinista que era, Edwards também escreveu algumas obras em defesa das convicções reformadas acerca da incapacidade moral e espiritual dos seres humanos e sua profunda necessidade da graça transformadora de Deus: A Liberdade da Vontade (1754) e O Pecado Original (1758).

A Genuína Experiência Religiosa

  • Nos seus escritos, Jonathan Edwards avaliou a experiência religiosa à luz das Escrituras e das suas convicções reformadas. O ponto de partida da sua pregação e da sua teologia foi o Deus soberano, em sua majestade, graça e glória. Esse Deus criou o universo e o ser humano para manifestar a sua grandeza e o seu amor. A majestade e a graça de Deus também se revelam de modo supremo no envio de Cristo para redimir os pecadores.
  • Nenhum avivamento ou experiência religiosa é genuína se não realçar esse Deus sublime em sua soberania, graça e amor. O critério principal é este: se quem está no centro das atenções é Deus ou o ser humano. Para que Deus esteja no centro é necessário, em primeiro lugar, que haja nos corações um profundo senso de incapacidade, de dependência de Deus, e de convicção da nossa pecaminosidade. Além disso, é preciso que haja a consciência de que toda genuína experiência religiosa é fruto da atuação do Espírito de Deus, que transforma e santifica os pecadores, capacitando-os a amar e honrar a Deus em suas vidas.
  • Portanto, todas as teorias de salvação que dão ênfase às obras humanas ou à capacidade humana só desmerecem a grandeza do amor de Deus revelado a nós em Cristo Jesus e tornado real em nossos corações somente pela iluminação do Espírito Santo.
  • Edwards crê na necessidade de transformação do ser humano. A moralidade externa não é suficiente, daí a importância da conversão. Por outro lado, para aqueles que já são crentes, uma fé simplesmente racional ou intelectual não basta. É preciso que a pessoa se aproxime de Deus não só com o entendimento, mas com os sentimentos. Cabeça e coração (luz e calor) devem funcionar juntos na vida conduzida pelo Espírito. O próprio Edwards era um exemplo disso. [Ver D.M. Lloyd-Jones, Jonathan Edwards e a Crucial Importância de Avivamento, PES, 12-18.]
  • Em todas as suas obras Edwards insistiu na importância dos afetos profundos na vida espiritual. Por “afetos” ou “afeições” ele se referia às disposições do coração que nos inclinam para certas coisas e nos afastam de outras. Todas as nossas ações derivam dos nossos desejos: ou nos comprazemos no Deus vivo e buscamos servi-lo e honrá-lo, ou somos cativos de desejos voltados para alvos menores.
  • Edwards advertiu contra dois grandes erros no avivamento. Primeiro, o mero nacionalismo: os avivalistas podem simplesmente excitar as emoções das pessoas e produzir falsas conversões. Emoções intensas não são uma evidência clara acerca de uma experiência religiosa. No seu grande tratado sobre as Afeições Religiosas, Edwards delineou cuidadosamente testes bíblicos quanto a uma experiência religiosa genuína; eles incluíam uma ênfase na obra graciosa de Deus, doutrinas consistentes com a revelação bíblica, e uma vida marcada pelos frutos do Espírito.
  • O segundo erro é dar ênfase não a Deus, mas às respostas humanas a Ele, algo muito comum hoje com toda a celebração do eu, as experiências pessoais, os testemunhos auto-congratulatórios. Edwards insistiu em que a essência da verdadeira espiritualidade é ser dominado pela visão da beleza de Deus, ser atraído para a glória das suas perfeições, sentir o seu amor irresistível.
  • Portanto, na verdadeira experiência cristã, o conhecimento de Deus é algo sensível, experimental. A verdadeira experiência cristã consiste não somente em conhecer e afirmar doutrinas cristãs verdadeiras, por importantes que sejam, mas é um conhecimento afetivo, ou a consciência das verdades que a doutrina descreve. Difere do conhecimento especulativo, assim como o sabor do mel difere do mero entendimento de que o mel é doce. O cristão, diz Edwards, “não apenas crê racionalmente que Deus é glorioso, mas têm em seu coração o senso da majestade de Deus.”
  • Se nossos corações são transformados pelo amor de Deus, assim devem ser transformadas as nossas ações. Se somos mudados ao contemplarmos a beleza do amor de Deus, então amaremos de maneira especial todo ato de virtude que reflete o caráter amoroso de Deus.

Conclusão

  • Jonathan Edwards acreditava na importância e necessidade do avivamento. Ele viu o Grande Despertamento como uma obra do Espírito de Deus, revitalizando e capacitando a igreja para a sua missão no mundo. Ao mesmo tempo, ele estava consciente de desvios, excessos e até mesmo atuações satânicas que produziam excentricidades, descontrole emocional, ostentação e escândalos.
  • Porém, ele entendia que tais problemas não invalidavam os aspectos positivos do avivamento e, mais ainda, que alguns dos “fenômenos” ou “manifestações,” ainda que inusitados, eram admissíveis diante das experiências profundas da graça de Deus que muitas pessoas estavam tendo, inclusive a sua esposa. Tais coisas, em si mesmas, nada provavam.
  • Os critérios que realmente indicavam se as conversões e o despertamento eram genuínos ou não eram os frutos visíveis: convicção de pecado, seriedade nas coisas espirituais, preocupação suprema com a glória de Deus, apego profundo às Escrituras, mudanças no comportamento ético, relacionamentos pessoais transformados e influência transformadora na comunidade.
  • Só esse tipo de avivamento será uma bênção para as nossas vidas, nossas igrejas e nosso país.

Final da vida

  • Em 1751, ele foi para Stockbridge, na colônia de Massachussetts, onde foi pastor dos colonos e missionário entre os índios. Ali ele escreveu A Liberdade da Vontade, sua principal obra filosófica. Em 1757, foi convidado a ser o presidente do Colégio de Nova Jersey, que viria posteriormente a ser a hoje conhecida Universidade de Princeton.
  • Em 22 de março de 1758, um mês após ter tomado posse como presidente do Colégio, Jonathan Edwards morreu devido a complicações resultantes de uma vacina contra varíola.
  • Encontra-se sepultado no Princeton Cemetery, Princeton, Condado de Mercer, Nova Jersey nos Estados Unidos.

Fontes

  • Wikipédia, a enciclopédia livre.
  • D.M. Lloyd-Jones, Jonathan Edwards e a Crucial Importância de Avivamento (São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas)
  • Mark A. Noll, A History of Christianity in the United States and Canada
  • Paul Helm, “Edwards, Jonathan (1703-1758),” em New International Dictionary of the Christian Church
  • “Jonathan Edwards and the Great Awakening,” Church History IV, no. 4, especialmente os artigos “Colonial New England: An Old Order, A New Awakening,” de J. Stephen Lang e Mark A. Noll; “My Dear Companion,” de Elisabeth S. Dodds; “Edwards’ Theology: Puritanism Meets a New Age,” de Richard Lovelace; e “Jonathan Edwards Speaks to our Technological Age,” de George M. Marsden.
  • Luiz Roberto França de Mattos, “Jonathan Edwards and the Criteria for Evaluating the Genuineness of the ‘Brazilian Revival’,” Tese de Mestrado em Teologia, Centro de Pós-Graduação A. Jumper, 1997
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Uma resposta para BIOGRAFIA – Jonathan Edwards

  1. Pelos Frutos Conhecereis – Jonathan Edwards (1703 -1758)

    Jonathan Edwards

    A prática cristã é o principal sinal pelo qual podemos julgar a sinceridade de cristãos professos. As Escrituras são muito claras sobre isso. “Pelo seus frutos os conhecereis” (Mat 7:16), “Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom, ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore” (Mat. 12:33). Em nenhum lugar Cristo diz: “Conhecereis a árvore por suas folhas e flores. Conhecereis os homens pelo que dizem, pelas histórias que contam de suas experiências, por suas lágrimas e expressões emocionais”. Não! “Pelos seus frutos os conhecereis. Pelo fruto se conhece a árvore.”

    Cristo nos aconselha que procuremos pelos frutos da prática cristã nos outros. Também nos exorta que devemos mostrar esse fruto aos outros em nossas próprias vidas. “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mat. 5:16). Cristo não diz: “Assim brilhe também a vossa luz, exprimindo aos outros seus sentimentos e experiências.” É quando os outros vêem nossas boas obras que glorificarão nosso Pai que está nos céus.

    O restante do Novo Testamento diz o mesmo. Por exemplo, em Hebreus lemos sobre aqueles que foram iluminados, provaram o dom celestial e assim por diante, e caíram (Heb. 6:4-8). Então, no versículo 9 diz: “Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação.” Por que o escritor de Hebreus estava tão confiante que a fé deles era verdadeira e que eles não cairiam? Por causa de sua prática cristã. Vejam o versículo 10: “Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos.”

    Encontramos o mesmo ensinamento em Tiago. “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras?” (Tg. 2:14). Tiago está nos dizendo que não adianta dizer que temos fé, se não mostrarmos nossa fé pelas boas obras. Tudo o que dizemos será inútil, se não for confirmado pelo que fazemos. Testemunhos pessoais, histórias sobre nossos sentimentos e experiências – tudo inútil sem boas obras e prática cristã.

    De fato, isto é bom senso. Todos sabemos que “ações falam mais alto que palavras.” Isso se aplica tanto ao domínio espiritual quanto ao natural. Imagine duas pessoas, uma parece andar humildemente perante Deus e os homens, viver uma vida que fala de um coração penitente e contrito; é submissa a Deus na aflição, mansa e gentil para com os outros homens. A outra fala sobre quão humilde é, como se sente condenada pelo pecado, como se prostra no pó perante Deus, etc; não obstante, se comporta como se fosse o cabeça de todos os cristãos da cidade! É mandona, importante perante ela mesma e não suporta crítica. Qual dessas duas dá a melhor demonstração de ser uma verdadeira cristã? Não é falando às pessoas sobre nós mesmos que demonstramos nosso cristianismo. Palavras custam pouco. É pela dispendiosa e desinteressada prática cristã que mostramos a autenticidade de nossa fé.

    Estou supondo, é claro, que essa prática cristã existe numa pessoa que diz acreditar na fé cristã, pois o que estamos testando é a sinceridade daqueles que se dizem cristãos. Uma pessoa não pode proclamar-se cristã sem reivindicar certas coisas. Não iríamos – e não deveríamos – aceitar como cristão alguém que negue as doutrinas cristãs essenciais, não importa quão bom e santo ele pareça. Junto com a prática cristã, deve haver uma aceitação das verdades básicas do evangelho. Essas incluem crer que Jesus é o Messias, que morreu para satisfazer a justiça de Deus contra nossos pecados, e outras doutrinas dessa ordem. A prática cristã é a melhor prova da sinceridade e salvação daqueles que dizem acreditar nessas verdades, mas não prova coisa alguma sobre a salvação daqueles que as negam!

    Eu só acrescentaria o que já disse antes (Parte dois, capítulo 12), que nenhuma aparência exterior é sinal infalível de conversão. A prática cristã é a melhor evidência que temos de que um cristão professo é um cristão verdadeiro. Leva-nos a acreditar em sua sinceridade e aceitá-lo como irmão em Cristo. Mesmo assim, não é prova cem por cento infalível. Para começar, não podemos ver todo o comportamento manifestado de uma pessoa; muito dele está escondido do mundo. Não podemos ver dentro do coração da pessoa para ver seus motivos. Não podemos estar certos até que ponto pode ir uma pessoa não convertida na aparência exterior de cristianismo. Contudo, se pudéssemos ver toda a prática que a consciência da própria pessoa conhece, poderia então ser um sinal infalível de sua condição de pessoa salva.

    http://www.jonathanedwards.com.br/2010/08/pelos-frutos-conhecereis-jonathan.html?m=1

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